Café Society (idem) – Eua, 2016. 96 min – Direção: Woody Allen – Com: Jesse Eisenberg, Kristen Stewart, Steve Carell
É impressionante como Woody Allen, aos 81 anos de idade, mantém uma vitalidade artística invejável lançando um filme por ano. Um dos mais brilhantes diretores em atividade, Allen é fiel a sua estrutura imagética e seus filmes sempre surpreendem, seja pelo estilo elegante, pelo riso cínico ou pela natureza poética de um autor inspirado. E não é diferente em Café Society (2016). Mesmo enveredando por caminhos já conhecidos, Allen acrescenta um toque meigo cercado por uma atmosfera romântica que levanta palmas no final da projeção.
Aqui temos todos os elementos pertencentes ao mundo do diretor. Novamente Allen utiliza sua cidade natal (Nova York) como contraponto com a ensolarada e fútil Hollywood dos anos 30/40 e gasta longos minutos para construir o perfil de personagens ambíguos, porém cativantes. Desta vez o alter ego de diretor é Jesse Eisenberg que interpreta Bobby: um franzino rapaz judeu que vai para Hollywood em busca de novas aventuras. Embora sedutora à primeira vista, a cidade frustra as aspirações românticas do rapaz que retorna à Big Apple, decepcionado com a idealização do amor verdadeiro.
O roteiro aproveita todos os detalhes para compor um retrato fiel das idiossincrasias à la Woddy Allen (traições em família, questões judaicas, encontros ao acaso, insatisfações amorosas) emoldurado por uma belíssima produção de arte a cargo de Santo Loquasto e fotografado por Vittorio Storaro. Allen brinca com a curva narrativa inserindo flashbacks aqui e ali, ilustrando detalhes aparentemente sem importância, que ganharão contornos fundamentais para a história.
A espontaneidade do elenco e a estrutura cênica agradam qualquer platéia que sabe que está diante de um filme com a marca de um diretor genial, cujo fôlego continua inspirador.
