O filme de Kleber Mendonça Filho questiona o monstro que assola Recife, a máfia imobiliária. Sua crítica é linear, contundente e objetiva nos embates de violência silenciosa das cenas onde Clara, personagem de Sônia Braga, luta por sua causa contra o poderio da indústria imobiliária encabeçada pelo sr. Geraldo e assumida de frente por seu neto Diego, personagem de Humberto Carrão, que se mostra sem escrúpulos para conseguir o que deseja. A dupla tem ótimas cenas juntos.

A história tem vários significados como preservação da memória que passa de geração em geração, conceitos e valorização de ideias e princípios, amor familiar, conflitos pessoais, indignação com a ganância sem escrúpulos e a impunidade, a divisões sociais entre os ricos e pobres de Recife e tudo em um cabo de guerra, um embate para ver quem sede primeiro, quem cai primeiro.

A direção de Kleber é ousada e usa cenas de nudez e sexo de forma explícita demais. Mesmo com alguns pontos negativos, o filme tem um contexto importante de discussão.

O filme conta com um elenco forte e coeso em que marca o retorno de Sônia Braga ao cinema nacional. Com isso, ela contracena com atores como Irandhir Santos, Humberto Carrão, Maeve Jinkins, Germano Melo, Daniel Porpino, Pedro Queiroz, Fernando Teixeira e Léo Wainer. Claro que tem mais atores talentosos que mostraram um pouco do que o Recife tem, mas indiscutivelmente, o filme ganha força na interpretação de Sônia Braga.

O filme tem qualidade técnica que tem como pontos fortes a direção de arte e fotografia. O roteiro de Kleber Mendonça Filho conta com bons diálogos e linearidade que dão forma aos poucos para o desenho final dessa história.

O filme poderia ser mais curto em uns 20 minutos que ganharia mais ritmo, mas mesmo assim é um bom filme. Vale a pena conferir.

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