A Bruxa de Blair (The Blair Witch) – Eua, 2016. 89 min.

Direção: Adam Wingard

Com: James Alle McCune, Callie Hernandez, Corbin Reid, Brandon Scott

bb01Esta versão do grande sucesso de 1999 (que teve uma continuação em 2000 intitulada “Bruxa de Blair 2 – O Livro das Sombras”) poderia muito bem ser rebatizada como “A Bruxa de Blair 3”, uma vez que toda ação transcorre 17 anos após o primeiro filme.

Nesse reboot, James (James Allen McCune) decide voltar à floresta de Maryland com uns amigos, após ter encontrado um vídeo com uma suposta imagem de sua irmã Heather, desaparecida 17 anos atrás. Munido de um aparato tecnológico (incluindo um drone), o grupo acampa na floresta e terá que enfrentar a maldição da bruxa de Blair.
Com este fiapo de roteiro e motivação zero, o diretor Adam Wingard (do eficaz The Guest de 2014) tenta repetir a mesma fórmula que alçou “A Bruxa de Blair” ao estrondoso sucesso de bilheteria em 1999, mas obviamente falha em todos os quesitos. A câmera subjetiva (found footage) não produz o mesmo efeito claustrofóbico, nem o efeito de perda e se transforma em um recurso enfadonho diante de uma filmagem confusa e tremida. O elenco, repleto de nomes desconhecidos, não imprime confiança e distancia o espectador da identidade primária.

O mais triste é perceber a tentativa de reproduzir a mesma estrutura do filme anterior como uma desculpa esfarrapada para seduzir as platéias que não teve acesso ao original. Com isso o roteirista aniquila o clima de mistério e a sensação de pesadelo, incluindo uma série de explicações implausíveis sobre a gênese da bruxa, longas sequências pela floresta e breves aparições da entidade maligna. Tudo na base do clichê e do estereótipo, explorado e repetido milhões de vezes em filmes deste gênero.

A Bruxa de Blair (The Blair Witch, 2016) é mais um caça níquel lançado com o propósito de pegar carona em um dos filmes mais aterrorizantes da década de 90. Não se iludam. É pura enganação.

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Zeca Seabra – Cinéfilo carioca com formação em Comunicação Social pela Puc em 1980 e em Hotelaria pela Estácio de Sá em 1983. A partir de 1995 participou de vários cursos e em 2006 começou escrevendo textos críticos para o blog paulista “Cinema com Pipoca”, um dos primeiros a tratar do assunto. Desde 2010 participa de debates e encontros com textos já publicados em catálogos de mostras especializadas. Em 2016 participou da oficina crítica cinematográfica com o renomado crítico francês Jean-Michel Frodon. É membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro) desde 2013 e crítico do site Almanaque Virtual.

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