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Pequeno Segredo – Brasil, 2016. 105 min. – Direção: David Schürmann – Com: Julia Lemmertz, Maria Flor, Fionnula Flanagan, Marcello Antony, Errol Shand

Não é preciso ser mãe Dinah para prever que mais uma vez o Brasil ficará fora da disputa do Oscar. Depois do mal entendido envolvendo o filme “Aquarius”, os representantes da Academia Brasileira de Cinema elegeram “Pequeno Segredo” para representar o país na seleção ao prêmio de melhor filme estrangeiro, como uma estratégia ao cobiçado (e nunca alcançado) prêmio internacional. A manobra foi inútil, pois “Pequeno Segredo” é apenas mais um, dentre tantos filmes melodramáticos que não apresentam nenhuma qualidade artística ou atrativo que justifique a escolha.

Dirigido por David Schürmann, o projeto tem um cunho muito pessoal, pois é um filme baseado em uma história real vivida por sua família. Apesar de apresentar em seu currículo um variado cardápio que incluem documentários e séries para Tv, Schürmann conta com apenas um único longa metragem (o fraco Desaparecidos de 2011). Esta inexperiência se reflete em cada fotograma de “Pequeno Segredo”, um filme visivelmente muito mais voltado para o visual do que para o conteúdo.

Na trama, duas linhas narrativas remontam o passado e o presente da pequena Kat, uma menina adotada pelos Schümann após os pais falecerem de Aids. A garota que entrou para a família aos cinco anos também era portadora do vírus HIV sem saber que este era o seu “pequeno segredo”. Schürmann capricha naquilo que mais sabe fazer: tomadas aéreas visualmente bonitas de pores do sol, mar aberto e paisagens de cartão postal, mas não consegue manter esta exuberância nas cenas onde é necessário um domínio dramático. Os diálogos são repletos de chavões e os personagens (apesar de reais) são exibidos com qualidades estereotipadas e unidimensionais. O elenco (que conta com a presença de atores internacionais) faz o que pode, mas não consegue escapar da armadilha novelesca armada pelo diretor.

O tom excessivamente meloso é outro ponto que vale a pena ser mencionado. Schürmann acredita que o mais é mais e capricha nos acordes dramáticos, reforçando a trilha sonora em quase todas as cenas, querendo arrancar a todo custo uma lágrima da platéia que não se convence muito do que está assistindo.

Uma pena que “Pequeno segredo” cometa tantos pecados nos códigos narrativos chamando a atenção do público de qualquer maneira. A história é bonita e contém uma boa dose de ironia dramática que, se bem lapidada, renderia um excelente drama. Agora é esperar que em 2017 o Brasil seja representado por um candidato com mais condições de conquistar a tão sonhada estatueta.

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