Boris Malinovsky (James Hyndman) é homem muito bem sucedido, arrogante e dono de uma empresa que trata de forma autoritária e grosseira todos que o cercam. Sua esposa Béatrice (Simone-Élise Girard), Ministra do Governo do Canadá,está com uma grave depressão atrelado a melancolia causados não se sabe por que razão. Não se comunica com ninguém, isolada dentro de si mesma, totalmente diferente de como ela era no passado, independente, livre e divertida.

Desde sua doença seu marido diz fazer o que pode para ajudá-la. Contratou uma boa psiquiatra, recomendada pelo governo (que Boris detesta e que não confia nele), uma cuidadora dedicada, Klara, e a levou para a confortável casa de campo da família. Mas será que isso é o necessário para sua recuperação? Num dia ele recebe uma carta sem identificação, alguém que diz saber como ajudar sua esposa a se curar, mesmo com muita desconfiança ele vai ao encontro marcado, ao chegar se depara com um homem misterioso que faz uma série de culpabilizações sobre a forma que ele vem conduzindo sua vida, e como esse comportamento nocivo deteriorou a saúde de Béatrice, diz que a forma para ele ajudar a mulher é a mudança radical de comportamento em todos os âmbitos de sua vida. Boris vai embora do encontro impressionado com a presença daquele homem, por mais orgulhoso que seja as coisas que ele disse ficam em seu pensamento. O desmoronamento na vida desse homem vão se mostrar presentes por todo filme, elas independem de seu sucesso ou posição social, estão atrelada a seu eu mais profundo e a sua humanidade cristalina, a pergunta que o norteará será “Sou uma boa pessoa?”

Mas ao invés de tentar mudar ele tenta conseguir esquecer as recriminações que lhe foram feitas, continua os encontros furtivos com a amante Helga, uma antiga colega, e passa a ter um caso com a cuidadora de sua esposa dentro de sua própria casa. A depressão de Béatrice só piora e sua saúde se deteriora cada vez mais. Ele se enfurece com o destino que está caindo sobre eles dois e acusa o homem misterioso por seus infortúnios. O mistério proposto por Denis Côté é justamente uma análise sobre Boris, um personagem que na realidade seu orgulho corrosivo é o veneno que consome sua essência, num jogo de gato e rato, onde de forma abstrata e incerta se vê que ação e reação comandam sua existência e cada ato tem sua responsabilidade e peso e não há possibilidade de evolução a não ser pelo sincero arrependimento e esforço. Cabe a ele próprio se tornar juiz de suas atitudes. Quando isso acontece, e ele tenta se conectar com as pessoas ao seu redor e reestabelecer o contato com sua filha com quem há anos tem um péssimo relacionamento, e com sua mãe, que vive em um asilo e ele simplesmente nunca à visita. Ele percebe que precisa mudar de fato, precisa se esforçar, por mais que seja difícil e dolorido.

Beatrice não é o centro da ação, ela faz parte do mistério que fará a evolução de Boris, rodeado de personagens mulheres em sua vida, cada uma ocupa um papel fundamental para mostrar quem ele é, em quem ele se transformou e qual a consequência disso, como se cada mulher representasse de forma subjetiva partes de sua consciência e também algo que ele negligencia em sua vida.

Destaque para a atuação de Béatrice como a esposa doente, o elenco em geral cumpre bem a missão. O roteiro é curioso e interessante, mas falta mais enredo para salientar de fato a mudança do personagem do marido, o início e lento e a parte do clímax muito rápida. A fotografia é bonita e bem resolvida, principalmente na cena final.

 

 

 

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