O que é trilha sonora? Dando uma explicação técnica, o termo significa “todo o conjunto sonoro de um filme, incluindo além da música, os efeitos sonoros e os diálogos”. Segundo o site www.priberam.pt, trilha sonora “é parte da película cinematográfica” ou, “som registrado numa película de cinema ou, num filme de vídeo”. Ouso complementar até mais, a trilha sonora é a alma de um filme, de uma peça de teatro, de uma novela. Através da sinopse e o argumento do filme, o detalhamento dos personagens é praticamente definido pelos técnicos de som.

Na verdade, o som do filme é uma das últimas, se não, a última etapa de conclusão da película. Nesta parte, incluir-se-ão a gravação da trilha sonora, ruídos e mixagem. Desde o final da década de 20, que não se fazem mais filmes mudos. E, claro, o técnico de som ganha o seu valor, o que pode significar a não presença deste, nos sets de filmagem. De qualquer forma, existem dois modos de inserir som, no filme. O primeiro é o som direto, obtido nos dias de hoje, por um DAT (Digital Audio Tape) ou, um som digital gravado em cartões de memória e colocado no momento da filmagem.

De forma operacional e logística, geralmente, são duas equipes a atuarem na produção. Uma delas que, trabalha direto no set de filmagem, com o Técnico ou o Diretor de Som e o seu assistente. O primeiro seleciona os melhores microfones para cada situação, tem perfeita noção dos ambientes que precisam de melhor tratamento acústico. O segundo em linguagem popular é o que “rala” segurando o “boom”, uma vara comprida onde se coloca um microfone gigantesco na ponta e acompanha os atores em cena. Atenção! Todo o cuidado para que este microfone não apareça em quadro.

A outra equipe é a que cuidará do produto final, ou seja, o som do filme. Esta se responsabilizará, liderado pelo Editor de Som, por limpar todos os ruídos estranhos, acrescentam sons adicionais (passos de algum personagem ou, de algum animal, maçaneta de porta, etc.), dublagens e, claro, a trilha sonora.

Infelizmente, a cultura cinematográfica brasileira deixa de lado, trata com certo desmerecimento, muito provavelmente, em face da verba, o dinheiro destinado à produção, cuidar especificamente da imagem, da fotografia do filme. Bom, apesar da introdução sobre o assunto desta coluna, ser um pouco longa mas, necessária, faço questão de iniciá-la, com a trilha sonora de um filme que marcou a minha adolescência. Sob a direção de Ridley Scott, com vocês, BLADE RUNNER (O CAÇADOR DE ANDRÓIDES) .

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Harrison Ford e Sean Young

O roteiro, escrito por Hampton Fancher e David Peoples, e baseado levemente no romance escrito por Philip K. Dick, “Do Androids Dream of Electric Sheep?” (“Andróides sonham com Ovelhas Elétricas”) o filme, por uma feliz ou infeliz coincidência, se passa em uma Los Angeles de 2019 (daqui a quase dois anos) totalmente decaída, um consumismo mais do que exacerbado e, com o estímulo a se arriscarem em outros planetas. Só um pequeno detalhe, o filme tem 34 anos. Profético, não?

Com um elenco magistral, liderado por Harrison Ford, além de, Rutger Hauer, Sean Young, Daryl Hannah, Edward James Olmos e Joanna Cassidy, a trilha sonora feita pelo músico Vangelis, traduz toda a emoção de uma Los Angeles fria e poluída.

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                                                                        Hutger Hauer e Daryl Hannah

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Vangelis em seu estúdio

O grego Vangelis Papathanassiou construiu belissimamente esta trilha sonora (além de ser vencedor do Oscar, em 1981, com Chariots of Fire, Carruagens de Fogo) e que só foi comercializada dez anos após o lançamento do filme, em 1982. Destaca-se nesta, por incrível que pareça, os sentimentos da música eletrônica. A discussão que o filme causa, sobre os sentimentos das máquinas, ratificado por Steven Spielberg em, A.I. (Artificial Inteligence, Inteligência Artificial), o músico, nascido em Vólos, na parte central da Grécia, já havia feito a diferença. O tema de amor, entre os personagens Richard Deckard (Harrison Ford) e Rachael (Sean Young), justamente chamado “Love Theme”, tornou-se ícone musical.

Fotos: Divulgação.

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Wellington Lisboa, nascido no bairro das Laranjeiras (mas não é tricolor), formou-se e por duas vezes em Comunicação Social, nas habilitações de Publicidade & Propaganda e Relações Públicas, pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso - FACHA, após cursar a disciplina 'Comunicação & Cinema', com o Professor Carlos Deane, percebeu que o Cinema poderia se tornar a Sétima Arte em sua vida. O falecido Coordenador do Núcleo Artístico e Cultural (NAC), Heleno Alves, propôs a ideia de criar um coral. Foi quando o nosso crítico e colunista enveredou pelo caminho musical. Criado o Coral da FACHA e, logo depois, rebatizado com o nome de DANOCORO, Wellington Lisboa, construiu uma carreira musical, junto com o grupo, ao longo de quase quinze anos. Após concluir as duas habilitações, ele cursou Letras (Português - Italiano) na UFRJ mas, não terminou. Entitulando-se 'um eterno ser em busca de si mesmo', Wellington Lisboa enveredou pela graduação em Cinema, foi quando (re)descobriu que o Jornalismo caminha junto com esta arte.

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