Dominação (Incarnation) /Eua, 2016. 91 min. / Direção: Brad Peyton / Com: Aaron Eckhart, Carice Van Houten, Catalina Sandino Moreno, Emily Jackson, David Mazouz

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O “terror” tem sido um dos gêneros mais mal explorados (e mal tratado) pelo mercado cinematográfico norte americano nas últimas décadas. Há uma enxurrada de produções duvidosas, algumas lançadas diretamente para o dvd, com intenção de se tornarem franquias e/ou séries para assim abocanhar mais bilheterias.

“Dominação” (Incarnation no original) faz parte deste segmento de aproveitadores ávidos por inflar este mercado já tão saturado.

Contando com um elenco até certo ponto competente (incluindo a atriz colombiana Catalina Sandino Moreno indicada ao Oscar por “Maria Cheia de Graça” em 2004), a trama começa com a possessão de Cameron (David Mazouz), um garoto de 11 anos, por um demônio poderoso. Dr. Ember, um exorcista quântico, (Aaron Eckhart visivelmente irritado e deslocado no papel) é chamado para ajudar o menino, mas se vê diante de uma poderosa entidade que conhece suas fraquezas e já o enfrentou no passado. Nesta cruzada, se junta Camilla (Catalina Sandino Moreno), uma advogada do Vaticano, Lindsey (Carice van Routen), a mãe do menino e Dan (Matt Nable), o pai ausente e violento.

Com a assinatura do diretor Brad Peyton (cujo único grande destaque em seu currículo foi o catastrófico “Terremoto – A Falha de San Andreas” de 2015), o filme envereda pelo já batido tema do exorcismo acrescido de viagens no tempo, poder da mente, física quântica, algumas conclusões metafísicas sobre o subconsciente humano e, é lógico, o poder do amor. O diretor não se dá o trabalho de construir personagens interessantes, acreditando que a trama tenha força suficiente para manter o interesse do espectador, mas o público já está cansado de ser enganado por filmes como este.

Um outro grande problema é o dedo de produtores (em especial o de Jason Blum, responsável pela Blumhouse Productions especializada em filmes de baixo orçamento) que não parece levar a sério nada que se vê na tela.

Limitado em todos os sentidos, este é o tipo de filme que se apóia em sustos baratos e uma trama tola e sem nexo. Com efeitos de quinta categoria e um enredo medíocre, “Dominação” é, ao lado de “O Quarto dos Esquecidos”, um dos piores lançamentos no gênero ultimamente. Só lamento que obras deste porte tirem espaço de outros filmes muito mais eficientes, que não chegam ao circuito brasileiro.

https://www.youtube.com/watch?v=8Z3ju_-X77w

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Zeca Seabra – Cinéfilo carioca com formação em Comunicação Social pela Puc em 1980 e em Hotelaria pela Estácio de Sá em 1983. A partir de 1995 participou de vários cursos e em 2006 começou escrevendo textos críticos para o blog paulista “Cinema com Pipoca”, um dos primeiros a tratar do assunto. Desde 2010 participa de debates e encontros com textos já publicados em catálogos de mostras especializadas. Em 2016 participou da oficina crítica cinematográfica com o renomado crítico francês Jean-Michel Frodon. É membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro) desde 2013 e crítico do site Almanaque Virtual.

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