O filme de Ron Howard tem o nome perfeito! O filme é todo no limite da emoção. Aqui dois grupos de apaixonados ganham um presente do diretor, um dos melhores filmes de esporte já feito no cinema, além disso, como filme propriamente dito, é espetacular!

Durante os quase 67 anos de Fórmula 1 foram muitas as disputas e rivalidades entre pilotos. A escolhida pelo diretor foi a rivalidade entre dois dos pilotos marcantes da história da Fórmula 1, Niki Lauda e James Hunt. Pode não ter sido a maior ou mais acirrada rivalidade, mas com certeza foi uma das mais interessantes.

O filme se passa na temporada de 1976, mas mostra um pouco antes disso, quando os dois pilotos quando se conheceram na fórmula 3, dando início de uma disputa acirrada.  Niki Lauda é um piloto austríaco, filho de uma tradicional família de industriais, é mais contido, seco e sem papas na língua, sempre falando o que pensa sem se preocupar em ser agradável ou não. Esse comportamento de Lauda o torna um sujeito nada popular. Já o piloto britânico James Hunt é excêntrico, bonito, mulherengo, carismático e não tem a organização, a disciplina e determinação de Lauda. No final das contas, a rivalidade se dá pelas qualidades que cada um tem e falta no outro.

No filme, Niki Lauda é o narrador da história, está vivo gozando de boa saúde e trabalhando na Formula 1 como Presidente Não Executivo da equipe Mercedes. James Hunt viveu intensamente sua vida e faleceu de ataque cardíaco em 15 de junho de 1993, aos 45 anos, em sua casa em Winblendon, Inglaterra, poucas horas depois de propor casamento a sua namorada Helen Dyson.

Ron Howard encontrou um caminho para contar essa história que prima pela qualidade técnica e resgata a memória afetiva de quem viveu esse período da Fórmula 1 e acompanhou essa disputa, além do trágico acidente em que Niki Lauda teve seu corpo queimado. Uma das imagens mais impactantes da história da Fórmula 1. Graças a Deus, Niki Lauda se recuperou e continua vivendo e respirando sua grande paixão, o circo da Fórmula 1.

A caracterização dos personagens foi um dos mais belos trabalhos em conjunto feitos no cinema. A união dos trabalhos do elenco, figurino e maquiagem e cabelo levaram para a tela de cinema uma reprodução precisa dos personagens. Tudo isso com a eficiente direção de Ron Howard em saber tirar com precisão o melhor de cada profissional no set de filmagem. Mais importante ainda quando os personagens reais estão vivos e vão assistir ao filme e avaliar como estão sendo retratados na tela.

Começando pelo ator alemão Daniel Brühl que interpreta com maestria o austríaco Niki Lauda. Sua transformação física foi digna de receber não só um Oscar, mas também todos os prêmios como Melhor Ator em 2014, coisa que não aconteceu. Ele foi indicado como Ator coadjuvante para seis premiações e venceu somente um, o Santa Barbara International Film Festival. Uma pena! Ele deveria ser indicado como Melhor Ator e não ator Coadjuvante. Niki Lauda é o personagem central com James Hunt, sendo que a história é contada por ele. Brühl se transformou fisicamente e incorporou o jeito de falar, o sotaque, o jeito de andar e os gestos do personagem de forma impressionante e impecável.

James Hunt foi vivido pelo ator australiano Chris Hemsworth que mostra que não ser apenas o ator de um personagem. O Ator ficou conhecido no mundo todo por seu papel como o super-herói da Marvel, Thor. James Hunt chegou para Hemswoth em um bom momento de trazer algo novo e diferente para sua carreira. Hunt era mulherengo, arrojado, imprudente e andava na contra-mão do que um atleta deveria fazer para se dedicar a ser o melhor. Ele era adepto de cigarro, bebida e muitas mulheres. Adorava festas e era indisciplinado. Mas era a rivalidade com Niki Lauda que trazia à tona o que Hunt tinha de melhor. A disputa o fazia ter mais responsabilidade com o trabalho que escolheu fazer.

Os coadjuvantes estão nivelados com os protagonistas. O diretor Ron Howard que também é ator, faz uma participação como um repórter de TV que acompanhava o circo da F 1.

As mulheres de Hunt ficaram por conta da atriz britânica Natalie Dormer que faz a enfermeira Gemma e a atriz americana Olívia Wilde que faz a primeira esposa, a modelo Suzi Hunt. Já Niki Lauda só tinha sua Marlene Knaus Lauda no filme. Uma namorada anterior a Marlene, Mariela, não foi incluída na história. Marlene Lauda foi interpretada pela atriz romena Alexandra Maria Lara.

O ator italiano PierFancesco Favino interpreta o piloto e companheiro de equipe, Clay Rigazzonni também muito bem caracterizado. O empresário e melhor amigo de James Hunt, Alastair Caldwell é interpretado pelo britânico Stephen Mangan e Enzo Ferrari por Augusto Dallara. Pena que não descobrimos quem é o ator que interpreta Emerson Fittipaldi.

Outros que brilharam no filme, mas não vemos seus rostos são o roteirista Peter Morgan que soube como encontrar os caminhos para contar a história e como construir bem os personagens com boa estrutura proporcionando um ótimo desenvolvimento tanto para o elenco, quanto para o diretor, e a equipe de figurino comandada por Julian Day e a equipe de maquiagem e cabelo comandados por Emmy Beech. As imagens belíssimas com cores vivas e um ótimo de trabalho com as imagens de arquivo ficou por conta do diretor de fotografia Anthony Dod Mentle. A montagem espetacular da dupla de editores:  Daniel P. Hanley e Mike Hill ganhou dois dos cinco prêmios que foram indicados. A trilha sonora marcante de Hans Zimmer faz um belo acabamento ao filme trazendo ao público mais emoção as cenas. A direção de arte reconstruiu circuitos que não existem mais e fizeram réplicas fiéis aos originais.

A Fórmula 1 é um dos esportes mais apaixonantes do planeta. Ainda mais nesse período, além da era de Ayrton Senna, período onde o esporte era um dos mais assistidos do mundo.

Dizem que homens são apaixonados por carros e que mulher não liga muito. O que não é totalmente verdade. Uma boa parcelas dos homens realmente são apaixonados por carros e pela velocidade das corridas, mas isso não exclui as mulheres de se apaixonarem pela disputa dos carros velozes que correm por vários países durante um ano atrás de uma soma de pontos para ver quem é o campeão da temporada e quem é a equipe campeã. A disputa e a adrenalina da competição conquista independente do gênero, cor, nacionalidade, religião, classe social ou financeira. O encantamento, a paixão e o amor por algo iguala as pessoas em prol de algo em comum. O esporte e a cultura fazem isso com as pessoas. O atletas, dirigentes e suas equipes colocam seus nomes na galeria de campeões do esporte, e movimentam muito dinheiro e serviços em diversos setores. Tudo é feito por apaixonados para apaixonados.

A única escuderia que tem um fã clube gigante é a Ferrari. Tem uma cena no filme que mostra a paixão dos torcedores.

Estou escrevendo essa coluna porque também sou uma apaixonada por esportes além do cinema. E um dos meus esportes preferidos é a Fórmula 1. Comecei a assistir quando criança, exatamente na temporada que se passa o filme. Para quem tem memória daquela temporada, é emocionante ver os circuitos reconstituídos com tanta precisão daquela época. Cada traçado, cada curva, cada volta, cada publicidade. É como entrar em uma máquina do tempo e reviver as emoções já sentidas.

Para quem ama o esporte é um deslumbre viajar nas imagens e identificar os personagens tão bem caracterizados. Para quem ama cinema é um presente que Ron Howard e sua brilhante equipe deixa para o público e para os futuros cineastas como aprendizado em como fazer um filme marcante, emocionante e de uma beleza mágica que só quem ama o faz, sabe como transmitir.

Ron Howard pode não ter levado um Oscar, Um Globo de Ouro ou um BAFTA, mas levou um prêmio muito maior, o coração dos apaixonados por cinema e por Fórmula 1. Com isso,  levou o público ao limite da emoção.

A nova temporada de Fórmula 1, em 2017, começa em 26 de março, em Circuito de Albert Park, Melbourne, na Austrália e termina em 26 de novembro no GP de Abu Dabi totalizando 20 corridas ao longo do ano. A Temporada nem começou e já rende novas histórias para o cinema. Troca de pilotos, campeão da última temporada se aposentando e o  piloto que se aposentou voltou ao trabalho, piloto que tira ano sabático, trocas de equipes, negociações e etc. Histórias não faltam e agora basta os cineastas e produtores se animarem em fazer mais filmes sobre esse esporte encantador que é a Fórmula 1!

 

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