Power Rangers está na memória afetiva de uma geração inteira e vai atrair uma leva de fãs da série americana dos anos 90 para as salas de cinema. A responsabilidade de levar para o cinema algo que tem uma importância afetiva é grande e o risco é muito maior do que levar algo completamente novo. A cobrança, a expectativa e a exigência do público é alta.

Para quem está preocupado com o que o cineasta sul africano Dean Israelite iria fazer com os heróis da infância de uma legião de fãs, pode despreocupar seu coração, o filme é bom e respeita a essência da série. Poucas mudanças foram feitas, no mais o mestre Zordon, o ajudante Alpha 5, e a vilã Rita estão muito bem representados por Bryan Cranston como Zordon, Bill Hader empresta sua voz para Alpha 5 e Rita ganhou vida com a ótima Elizabeth Banks.

Quanto aos cinco Rangers, os nomes continuam, mas as etnias mudaram. O líder dos Rangers é o vermelho que continua o mesmo personagem, Jason Scott, enquanto na série foi interpretado por Austin St. Jones, no longa quem assume o personagem é Dacre Montgomery. O Ranger Preto é o Zack Taylor, na primeira versão era o ator negro Walter Jones e agora é o canadense de origem chinesa Ludi Lin. O Ranger Azul na primeira versão era o louro David Yost e agora é o ator negro RJ Cyller. A Ranger Rosa (a preferida das meninas) continua sendo a Kimberly que na série era vivida por  Amy Jo Johnson e agora por Naomi Scott. E fechando o time,  a Ranger Amarela era a Trini kwan vivida pela atriz californiana de origem vietnamita, Thuy Trang, e agora nessa versão para o cinema é a vez de Beck G, que além de atriz é cantora, modelo e compositora, mas nem essas mudanças nas características étnicas afetaram o bom funcionamento do filme. Um dos motivos desse fato não atrapalhar é que na série durante as temporadas, os Rangers mudaram de atores e cores. Para quem estiver perguntando, “Cadê o Tommy?” , não se aflija, ele ainda virá, mas não nesse momento. Até porque o personagem entrou na série com ela já em andamento.

O elenco é bom e está entrosado o que transparece na tela é que estão se divertido com a história de trazer de volta esses personagens.

E todos fotografam muito bem na tela. O que ajuda no trabalho criado pelo diretor de fotografia Matthew J. Lloyd. Ele se certificou de trabalhar com as cores características da série e dar uma imagem que nos remetesse ao Power Rangers dos anos 90 sem perder a qualidade técnica usada nos dias de hoje.

O roteiro é interessante e se preocupou em contar a história da formação dos Power Rangers. Escrito por John Gattis com história criada por Matt Sazama, Burk Sharpless, Michele Mulroney e Kieran Mulroney,  os cinco criativos da equipe,  parecem até  um novo time de Power Rangers, só que da arte de escrever. Quando quem escreve entende o universo que está escrevendo tudo funciona.

A montagem é outro ponto que colaborou muito para que tudo fizesse sentido. E colaborou muito no ritmo que o diretor queria imprimir no filme. O longa tem agilidade, sem perder as pausas para tomar fôlego e os momentos certos na trama tem os toques de comédia e drama para enriquecer o trabalho.

A maquiagem e efeitos visuais estão bem feitos e dão um show à parte, principalmente a maquiagem feita para Rita Repulsa, onde Elizabeth Banks sofre algumas transformações ao longo do filme. Os efeitos criados para nos mostrar Zordon no início do filme e depois na nave com os Power Rangers também ficou bem interessante. Somada a voz imponente de Brian Cranston o personagem ganhou vida.

A direção de arte de Andrew Li, Gwendolyn Margetson e Margot Ready  caprichou nos detalhes, o filme é ambientado nos dias de hoje, então tudo tem que estar de acordo com a posição social de cada adolescente na escola e na comunidade antes de se tornar um Ranger. Em 1993 não tínhamos a internet, celulares tablets, redes sociais e tudo que veio no pacote do desenvolvimento tecnológico e isso não atrapalha ao contar a história que ganhou um visual mais moderno e mais próximo da nossa linha de tempo.

O figurino assinado por Kelli Jones ajuda a identificar os personagens e o destaque dos figurinos fica por conta do guarda roupa e adereços usados pela vilã Rita. Os uniformes ficaram mais modernos, com uma armadura mais forte que na versão original que era roupa de tecido, e não perdeu a essência e tão pouco as características. Ficaram bonitos os novos uniformes dos Powers Rangers.

A cereja do bolo ficou por conta de Brian Tyler que mais uma vez faz um golaço com a trilha desse filme e foi corajoso em colocar a música tema em um momento importante para trama. Esse é o momento de emoção para os fãs. Ao ouvir a canção em determinado momento, é acionado um dispositivo na memória afetiva do fã que faz valer cada real do ingresso.

Enfim, missão cumprida! O filme é divertido, leve e saudosista sem precisar apelar pelo sentimentalismo. Agora podemos esperar que os filmes da nova franquia sejam tão bons quanto o primeiro.

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