A Imperatriz Vermelha – The Scarlett Empress / EUA. 1934 / Direção: Joseph Von Steinberg / Com Marlene Dietrich, Sam Jaffe, John Lodge, Louise Dresser, Gavin Gordon.

 

Até 1929, Marlene Dietrich era uma atriz desconhecida que cantava em cabarés, na decadente Berlim, quando Joseph Von Steinberg a encontrou. A identificação foi imediata e Marlene tornou-se uma espécie de alter ego do diretor que a convidou para o papel principal no clássico “O Anjo Azul” em 1930. Após o estrondoso sucesso e a ameaça nazista rondando a Europa, Steinberg raptou a exuberante Marlene para Hollywood onde assinaram um acordo para rodar uma série de filmes juntos. “A Imperatriz Vermelha” de 1934 faz parte deste pacote.

“A Imperatriz Vermelha” (The Scarlett Empress no original) compactua com a tendência expressionista que o cinema alemão flertava. Com cenários lúgubres e uma exuberante fotografia prateada, o filme tem uma visão ora cômica, ora grotesca sobre a vida de Caratina II da Rússia. Baseado nos diários escritos pela própria, o filme faz um painel burlesco sobre a chegada da, então, Princesa Sophia (que mudaria de nome para Catarina) no podre reino soviético e acompanha sua transformação numa tzarina destemida e onipotente. Com um subtexto politicamente incorreto (afinal a princesa tem relações amorosas com toda a guarda russa) fica impossível levar esta produção a sério. Mas temos Marlene Dietrich em estado bruto, inaugurando o sentido da palavra “vamp” de forma inflamada e faustosa.

Na verdade, a única razão de “A Imperatriz Vermelha” existir é a presença de Marlene que dá a impressão de estar se divertindo muito mais que o espectador. Seus olhares languidos e lascivos são dignos de um notável carisma que a fez se tornar uma das maiores estrelas do Olimpo hollywoodiano. Steinberg usa e abusa de primeiríssimos planos e closes com soft focus (técnica de desfocagem para dar um ar divino) para assim exaltar a exuberância de sua musa que exalava sensualidade sem dizer uma única palavra, evidenciando o perfeito entrosamento entre o diretor e a atriz.

Steiberg utiliza o fundo histórico como um mero pretexto para expor sua alegoria encarnada em Dietrich . O filme não tem nenhuma intenção de parecer historicamente correto e até o aspecto melodramático da narrativa é transformado numa sátira burlesca aos costumes soviéticos. O incessante uso de intertítulos, demonstra a dependência do diretor com o cinema mudo, que fica muito mais evidente na utilização da trilha sonora que é perfeitamente entrosada com o que se vê na tela.

“A Imperatriz Vermelha” é um implacável retrato da era de ouro do espetáculo cinematográfico que sublinha um mito em perfeita sintonia com seu diretor.

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