O documentário dirigido por Tatiana Sager e Renato Dorneles é um registro necessário para levantar questões importantes e urgentes no país. O presídio Central, em Porto Alegre é o foco desse descortinamento de uma situação que nossos governos fazem questão em fazer de conta de não existe. Com a falta de um sistema eficaz do governo, ele deixa para a natureza se encarregue de dar uma direção para o problema e o resultado nunca é bom.
Em lugar que não é iluminado e está vazio logo ele é ocupado. É isso que o governo faz, não cuida do que deveria cuidar e abre espaço para o crime organizado ocupar e aterrorizar toda uma sociedade a partir de algo que a sociedade não tem acesso e a mídia tradicional não tem interesse em mostrar.
O filme tem esse papel de chamar atenção da sociedade para mostrar como esse sistema precisa ser discutido e reformado para mudar o quadro atual de violência e medo que a sociedade vive hoje. Como um presídio tem 4300 presos? Como conseguem desafiar a lei da física e colocar mais presos do que o espaço físico comporta? Porque tem tantas pessoas perdidas cometendo crimes? Podemos resgatar para a sociedade esses presos? Porque existem facções comandando o presídio quando isso é papel do Estado? Como eles deveriam pagar sua conta com a sociedade sem se tornar algo pior? Como alguém consegue ser resgatado para ser um cidadão dentro da sociedade sem condições de higiene, alimentação e vivendo constantemente em alerta com terror rondando o tempo todo?
Essas entre tantas questões são levantadas para que algo possa ser feito. Essa é uma das funções do cinema. Quem sabe enfim, a sociedade possa ter consciência do problema para poder enfim encontrar um caminho para resolvê-lo.
O filme cumpre seu papel social e cumpre com sua função cinematográfica por encontrar um bom caminho para a qualidade técnica do filme prendendo atenção do público do início ao fim.
Tatiana Sager e Renato Dorneles optaram por bons enquadramentos e conseguiram imagens impressionantes e surpreendentemente em locais onde jamais pensaríamos em ver. Foi preciso uma boa dose de coragem, garra e muita determinação em enfrentar uma realidade chocante e violenta e ter a permissão de mostrar tudo isso. Mesmo com boa fotografia, montagem e trilha sonora, o que realmente mais pesa nessa contabilidade foi a capacidade em convencer as pessoas que o filme é necessário e conseguir essas permissões foi uma grande vitória.
O filme estará em cartaz no Rio, na sala 3 do grupo Espaço Itaú de Cinema, no Rio de Janeiro, às 21h40m . Uma pena que só uma sala em único horário irá exibir esse documentário.

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