O título deste filme já mostra certo sarcasmo, pois quando respondemos de maneira generativa que está “tudo bem” é porque na verdade, está “russo”. No filme de Arnaldo Jabor rodado no final dos anos 70, em plena ditadura, o cineasta consegue mostrar de uma forma irônica através de um, elenco de primeira, estrelado pela primeira dama da dramaturgia brasileira Fernanda Montenegro e o saudoso monstro sagrado Paulo Gracindo.

 

No longa podemos apontar as influências de Jabor que iniciou sua carreira cinematográfica no Cinema Novo, além de ter feito algumas adaptações do dramaturgo Nelson Rodrigues para o cinema. Neste clássico pelas lentes de um mesmo plano observamos o passado e presente do Brasil. Tudo bem se coloca em um ponto estratégico muito interessante da filmografia deste diretor consagrado sobre a opinião pública com a idéia de abertura para o mundo, que estava expressa na vontade de sair nas ruas e captar o que as pessoas de classe média estavam aprontando.

 

Com base crítica aborda o que está acontecendo no país naquele momento de forma jornalística que se tornou a sua marca no cinema. O apartamento de “Tudo Bem” nada mais é que o quintal do Brasil inteiro. O apartamento da família com mania de grandeza composto por Juarez, Alzira, Serginho e Glorinha vividos respectivamente por: Paulo Gracindo e Fernanda Montenegro que fazem os pais dos adolescentes rebeldes interpretados por Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé.

 

As primeiras intenções expõem com clareza dois pedreiros conversando enquanto trabalham na fachada do prédio, a câmera os enquadra dentro do apartamento que termina em um plano geral da família pseudo burguesa tomando o seu café da manhã enquanto os “peões” que colocam a mão na massa são vistos ao fundo através da janela. A imagem por si só é bastante significativa. “Tudo Bem” reflete uma nostalgia de um tempo que o cinema brasileiro refletia sobre a história do país em seu conturbado momento atual.

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