Crítica Paixão Obsessiva

Denise Di Novi é conhecida por ser produtora de cinema e tem ótimos filmes no currículo entre eles alguns filmes de Tim Burton como “Edward Mãos de Tesoura”, “Batman, o Retorno”, “Ed Wood” entre tantos outros com vários diretores. Esse filme é sua estreia como diretora. Ela tem seus méritos e seus deméritos. Ela conseguiu alguns pontos positivos, mas fica difícil dirigir um filme de suspense com um roteiro ruim. A opção por estrear em um suspense também é muito arriscada. Esse é um dos gêneros mais difíceis do cinema.

O nome original é “Unforgettable” que traduzindo é “Inesquecível”, com certeza é bem melhor que “Paixão Obsessiva”, já que o filme não tem essa paixão do título em português.

O filme é um suspense sobre a psicopata Tessa vivida por Katherine Heigl que persegue a noiva do ex-marido, Júlia vivida por Rosário Dawson, criando situações bizarras para sua rival. A proposta segue a linha do clássico dos anos 80 “Atração Fatal”, mas não alcança o mesmo resultado por conta de muitas falhas no roteiro.

Um tradicional filme de suspense tem que respeitar algumas regras para que ele funcione. A primeira é a construção dos personagens e suas motivações. A segunda é ritmo. A terceira é um bom elenco, principalmente o vilão da história que é quem faz a história acontecer e o quarto é a montagem. Quando tudo isso funciona, temos um bom filme de suspense. Já “Paixão Obsessiva” tem tudo para ser um bom filme, mas tem problemas no roteiro e nesse ponto complica muito o bom andamento do filme.

Tecnicamente o filme tem pontos positivos como fotografia, direção de arte, figurino, maquiagem e efeitos sonoros. A montagem ficou um pouco prejudicada pelas falhas no roteiro.

O elenco é bom e cada um cumpre com a missão que lhe foi dada. Katherine Heigl está muito bem como psicopata fria e calculista, mas sem nenhuma gota de paixão ou amor por quem quer que seja. Apesar de falhas na construção do seu personagem, seu trabalho foi bem feito dentro do que foi apresentado. Ela trabalha com o olhar o que é um ponto positivo para o retorno da atriz ao cinema. Ela está fora do cinema desde 2015. Ela contracena com Rosário Dawson que interpreta a vítima da psicopata, Júlia. Na verdade, Júlia enfrenta dois psicopatas na trama, já que seu ex também é psicopata.

Rosário Dawson está bem e tem um bom entrosamento tanto nas cenas com Katherine Heigl, quanto nas cenas com Geoff Stults que interpreta David Connover, seu noivo e ex marido da psicopata Tessa. Geoff é mais conhecido por participações em séries de TV como: “Bones”, “How I Met your Mother” e “Las Vegas”.

A filha de Tessa e David é interpretada por Isabella Kai Rice que tem o toque do encantamento infantil, em meio ao pavor de ser criada por uma mãe psicopata ela tem em Júlia, a segurança materna que não tem com a própria mãe. Isabella teve um bom entrosamento com sua família da ficção, e logo se vê que a menina não é marinheira de primeira viagem, ela já fez “Jem e as Hologramas” no cinema e as séries Castle e True Blood.    Aqui ela tem boas cenas com a mãe, Tessa, o Pai David, a madrasta Júlia e a avó interpretada por Cheryl Ladd, a eterna Pantera Chris, da série de TV “As Panteras” (Charlie’s Angels).

É bom ver Cheryl Ladd de volta ao cinema. Ela esteve recentemente na TV em “Ray Donovan” e “O povo v. OJ Simpson: American Crime Story”. Aqui essa avó não tem nome, mas nas cenas em que aparece com a filha e a neta, é possível ver ela também não tão normal.

Como um psicopata é pouco para os roteiristas Christina Hodson e David Leslie Johnson eles convocarão outro psicopata para infernizar a vida da pobre Júlia, o ator britânico Simon Kassianides interpreta Michael Vargas, ex namorado de Júlia. É bom lembrar que ainda tem a possibilidade de ter um terceiro psicopata, a avó de Lilly.

Nesse ponto uma pergunta vem à cabeça, será que o personagem psicopata criado não é bom suficiente para segurar uma trama? Precisa de dois ou três? Qual foi o pecado de Júlia para ter em sua vida tantos psicopatas?

Para quem não ligar muito para esses fatores, pode se ater a simpatia dos atores, e os outros setores do filme que funcionaram e até se divertir com as falhas do filme.