O cinema brasileiro, com o passar dos anos, teve um salto de qualidade sem precedentes. O que domina as maiores bilheterias nacionais são a comédia e os policiais e, por conta disso, alguns gêneros têm sido deixados de lado. Grande exemplo é o terror, que aqui é quase inexistente. Baseado nisso, o mais novo longa do cinema nacional “ O Rastro”, resolve se aventurar nesse terreno pouco explorado.

Com direção de J.C.Feyer, “O Rastro” conta a história de Dr. João(Rafael Cardoso), conceituado médico que está com a difícil missão de transferir pacientes de um hospital prestes a ser fechado por falta de verba. Nesse meio tempo, uma menina chamada Júlia (Natália Guedes) é internada no momento em que as internações estavam suspensas. Ela acaba se apegando ao médico (E, pelo visto, ele também) e após a operação de remoção dos internados, a menina desaparece misteriosamente, fazendo com que o doutor se envolva numa rede de intrigas e corrupção com o objetivo de encontrá-la. Mas quanto mais ele se aprofunda na investigação do sumiço da criança, ele acaba descobrindo coisas que preferiria não ter sabido.

Com um orçamento considerado alto para os padrões nacionais (Algo em torno de 7 milhões de reais), o longa é muito bem produzido. A paleta de cores se resume ao azul, branco e cinza, proporcionando um ambiente frio e mórbido, já que o filme é gravado em um hospital abandonado. Aí que tá o “ Terror” do trabalho: O caos na saúde pública carioca e, por consequência, o brasileiro.

Talvez a falha do filme é justamente o roteiro escrito por André Pereira e Beatriz Manela, já que no trailer indica uma proximidade entre João e Júlia e não há aprofundamento da relação dos dois, pois há uma mudança drástica na história (O que pode deixar o telespectador um pouco perdido) e, após o acerto do roteiro no final da história, nos proporciona um desfecho supreendente e interessante, onde mostra a monstruosidade por trás do serviço de saúde em prol dos mais poderosos.

Com tudo isso, por mais que o filme não seja exatamente um terror, ele funciona perfeitamente como entretenimento e uma reflexão de como nossa realidade pode ser cruel. Não podemos esquecer as ótimas atuações de Rafael Cardoso, Leandra Leal, Cláudia Abreu e Jonas Bloch, além da homenagem ao saudoso Domingos Montagner, que interpreta um governador corrupto e dissimulado.

 

 

 

 

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