O filme de Ry Russo Young fala de uma jovem adolescente que vive no topo estrutura social americana. É bonita, com família bem estruturada, com boa condição financeira, popular na escola, com amigas inseparáveis, e um namorado popular e mulherengo, mas com um grave defeito, Samantha Kingston era arrogante, snobe e egoísta, isso por seguir o modelo da líder do grupo Lindsay, a malvada mor. E no último dia de vida de Samantha, ela recebe uma oportunidade, se redimir de quem se tornou para agradar outras pessoas entrando em um looping temporal. O looping temporal serve para consertar algo importante e ela tem que entender o que está acontecendo sozinha, sem trocar essa informação com outra pessoa, apenas ela mesma. Os dias não param de se repetir até que ela entenda o porquê está em um looping e o que precisa fazer. É um filme de redenção.
Aos poucos vamos entendendo quem é quem na história e como Samantha começa a ver as pessoas com outros olhos.
É incômodo ver como a sociedade escolar americana desenvolve seus jovens dividindo em grupos e rotulando cada um de acordo com o grupo que é jogado, ninguém escolhe seus grupos. Tudo é feito para agradar o sistema e bulling faz parte desse show de horrores. Eles preferem tratar mal alguém que gosta para ter a tal “Popularidade” entre os membros do topo da cadeia alimentar escolar. Isso inclui ter vergonha da família e trata-los com distância e até uma frieza.
Ao assistir esse filme é impossível não lembrar do maior dos clássicos do looping, “Feitiço do Tempo”. Aqui temos um drama em sua totalidade enquanto no filme estrelado por Bill Muray era uma comédia.
O roteiro escrito por Maria Maggenti e Gina Prince-Bythewood é baseado na obra homônima da autora Lauren Oliver. A missão do roteiro está em como transmitir a mensagem que nos faz pensar em como cada ato nosso tem importância e uma consequência. Cada decisão nos leva a um caminho diferente e a forma com que tratamos as pessoas importa e muito. E como violentamos nossas vontades para agradar a terceiros sem nem perceber o quanto isso pode nos custar depois. E como cada pessoa gostaria de ser tratado. Só de levantar os questionamentos e fazer as pessoas pensarem em seus atos no dia a dia, já é um mérito do filme.
O elenco foi bem escalado e para interpretar Samantha, foi convocada a atriz Zoey Deutch que esteve muito bem no personagem. A malvada Lindsay ficou por conta de Halston Sage que vimos em filmes como: “Vizinhos”, “Cidades de Papel”, “Goosebumps – Monstros e Arrepios” e “Como Sobreviver a Um Ataque Zumbi”. Ela realmente deixa a personagem ganhar vida na tela e vemos uma garota tão nova e tão perversa que essa precisa mesmo de alguém que ajude a voltar a ser mais humana. Outra boa escolha foi a atriz Elena Kampouris que vimos em “Casamento Grego 2”. Ela interpreta Juliet que é alvo de constates bullings das quatro amigas. É uma peça chave para a história, assim também como o ator Logan Miller que trabalhou com Halston Sage em “Como Sobreviver a Um Ataque Zumbi”. Ele faz o jovem Kent que é maltratado por Sam. Tanto Juliet, quanto Kent são importantes para a redenção de Sam. Enquanto isso, Sam descobre quem realmente são as pessoas a sua volta, como seu namorado egocêntrico Rob, vivido pelo Youtuber e ator Kian Lawley, suas amigas e sua família. Sua família traz uma grata surpresa, a mãe de Sam é interpretada por Jennifer Beals a estrela do clássico dos anos 80 “Flashdance”, o pai é Nicholas Lea da série “Arquivo X” e a irmãzinha fofa Izzy é interpretada por Erica Trembley (II) da série “Supernatural”.
Tecnicamente o filme é bem cuidado. O diretor de fotografia Michael Fimognari soube usar bem uma variação de padrões de clima de cada cena com harmonia de intenção. Em alguns momentos a fotografia fica mais clara, mais fria mostrando um pouco o estado da personagem central em todos os momentos conflitantes. Ficou coerente no conjunto. A montagem de Joe Landauer foi uma peça chave para o filme funcionar. Como estamos falando de um filme de looping, montar tantos takes com tantas informações não seria uma tarefa fácil, poderia ficar confuso ou monótono e aqui ele descobriu um bom caminho na montagem para que cada take fizesse sentido ao montar uma cena e ligar uma cena na outra e localizar o espectador no que e onde está acontecendo cada ação das cenas. Adam Taylor criou uma boa trilha sonora que funciona bem para cada momento. A direção de arte fez uma opção nas escolhas de objetos de cena para entender quem é cada personagem e a que mundo cada um pertence.
No final das contas o que vale é que a proposta foi cumprida com louvor. O filme tem alguns clichês, natural desse tipo de filme, mas não que seja algo ruim, e sim demonstra um padrão que as roteiristas optaram por seguir. Um bom drama para quem gosta do gênero.