O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki (Hymyilevä mies)
Finlândia, Suécia, Alemanha, 2016. 92 min.
Direção: Juho Kuosmanen
Com: Jarkko Lahti, Oona Airola, Eero Milonoff, Joanna Haartti.

Vencedor da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes de 2016, “O Dia Mais Feliz da Vida de Olli Mäki” (Hymyilevä mies no original) surpreende pela forma de abordar um tema tão batido pelo cinema. O boxe, aqui surge como pano de fundo para o conflito enfrentado pelo lutador Olli Mäki (Jarkko Lahti) prestes a disputar o título mundial de peso pena. Baseado num fato real, o longa se desenrola antes da famosa disputa em 1962, com o boxeador norte americano Davey Moore. Longe do arquétipo do gênero, o filme aponta para a vertente emocional e a desconstrução psicológica de um homem de origens bem modestas que não consegue atender às demandas de um universo exigente e rigoroso. Paralelamente, Olli cai de amores pela simplória jovem Raija (Oona Airola), o que acaba atrapalhando sua relação com seu empresário que vê na luta a chance de colocar a Finlândia no cenário mundial de boxe e fazer de Olli um verdadeiro campeão.

Primeiro longa dirigido e roteirizado pelo finlandês Juho Juosmanen, o filme conta com uma primorosa fotografia granulada em P&B que destaca as dificuldades de um mundo nada colorido ressaltando um formalismo estético raramente visto em produções com o mesmo tema. A montagem deixa uma sensação de incontinuidade, excelente recurso para que o espectador fique mais intrigado com a questão proposta pelo filme.
Afinal “O dia mais feliz” anunciado pelo título, não é obviamente a conquista de um prêmio, nem as glórias de se tornar uma celebridade do esporte, e sim em viver em uma harmônica simplicidade que só faz sentido para quem a conhece.

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Zeca Seabra – Cinéfilo carioca com formação em Comunicação Social pela Puc em 1980 e em Hotelaria pela Estácio de Sá em 1983. A partir de 1995 participou de vários cursos e em 2006 começou escrevendo textos críticos para o blog paulista “Cinema com Pipoca”, um dos primeiros a tratar do assunto. Desde 2010 participa de debates e encontros com textos já publicados em catálogos de mostras especializadas. Em 2016 participou da oficina crítica cinematográfica com o renomado crítico francês Jean-Michel Frodon. É membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro) desde 2013 e crítico do site Almanaque Virtual.

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