Flashdance / Eua, 1983, 95 min. / Direção: Adrian Lyne / Com: Jennifer Beals, Michael Nouri, Lilia Skala, Sunny Johnson

Os produtores da Paramount ansiavam, em 1983, por um filme que fizesse muito sucesso e enchesse os cofres do estúdio, revertendo assim a difícil situação econômica que o estúdio se encontrava.

Um grupo de produtores (incluindo Jerry Bruckheimer) percebeu que podiam produzir um filme bom, barato e sem grandes nomes no elenco, a partir de um embrião que se tornou febre nos anos 80. A dos filmes clips, recheados de canções e baladas modernas, com muita dança e energia. Com um argumento escrito por Thomas Hedley e Joe Eszterhas, o filme passou pelas mãos de vários diretores (Brian de Palma e David Cronenberg) até chegar em Adrian Lyne, que iniciou a carreira como diretor de comerciais e alcançou o 1º grande sucesso com este filme.

Assim nasceu Flashdance que, diferente da estética dos musicais clássicos, apresentava vários quadros de dança intercalados por um fiapo de roteiro.

O filme conta a história de Alex Owens, uma garota linda de 18 anos, sem passado, nem familiares, que trabalha de dia como soldadora numa metalúrgica e de noite dança numa boate qualquer. Mora só (com um cão), anda de bicicleta (ecologicamente correta), visita uma amiga idosa ex bailarina clássica e, nas horas vagas, ainda arruma tempo para ensaiar números de dança em seu loft ao som de muita música dance dos anos 80. Seu maior sonho é entrar para a Academia de dança clássica, mas apesar do incentivo da amiga idosa, sente-se inferior (não se sabe o porquê), envergonha-se na fila da inscrição, desistindo da matrícula. Logo no início do filme, ela atrai a atenção do charmoso trintão Nick que, coincidentemente, é chefe do departamento onde ela trabalha. Juntos namoram, passeiam, brigam, reatam e alcançam seu sonho de felicidade.

Apresentado como uma peça publicitária, o filme tem um trato visual semelhante aos melhores anúncios da TV. A fotografia com muitos filtros, dá o tom final.
Tudo é unidimensional ao extremo. Alex é um personagem feliz, autodidata e esforçada. Nick é bonito, encantador e atraente. Há alguns dramas paralelos que servem apenas para ressaltar a verdadeira intenção desta produção. Logo na abertura ouvem-se os acordes do mega sucesso What a Feeling (cantado por Irene Cara) e as letras garrafais em vermelho passando pela tela. F-L-A-S-H-D-A-N-C-E. Na verdade o filme basicamente é o que o título apresenta. Flashes de dança intercalados pela narrativa descrita acima.
Adrian Lyne mantém um tratamento bem distante dos personagens, deixando seu talento aparecer, apenas, nas incríveis sequencias de dança editadas com uma soberba energia.

Mas, apesar desta ingenuidade e simplicidade exorbitante, o filme guarda um charme admirável. Visto hoje em dia, pode ser considerado, tranquilamente, como uma peça Cult do cinema, pois toda a temática dos anos 80 estava lá. A trilha de Giorgio Moroder ajuda a escancarar a alegria e o descobrimento daquela geração que acreditava que o mundo podia transformar-se numa festa eterna. Sonhar era fácil e mais fácil ainda era realizar estes sonhos.
Visto hoje em dia, Flashdance traz saudades de uma época sem AIDS, sem crises mundiais, ou aquecimento global. A vida era um flash. A vida era apenas a alegria de dançar.

Para saber mais sobre a trilha deste filme acesse: http://cinemaparasempre.com.br/index.php/2017/08/10/flashdance-1983/”>

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