Crítica: Um Filme de Cinema

A ideia original para fazer este filme documentário surgiu através do curta metragem: Revelação Normal que o diretor de fotografia Walter Carvalho roteirizou na década de 70, mas não chegou a sair do papel. Os depoimentos foram feitos com diretores que trabalharam juntos no período entre 2002 até 2014 que tem como cenário a cidade natal do fotógrafo: As ruínas do Cine Continental abandonado em pleno sertão da Paraíba. Uma verdadeira aula para os estudantes de cinema e os amantes da sétima arte.

Na sessão debate com o renomado diretor do filme Walter Carvalho revela para o crítico Rodrigo Fonseca na pré estréia na Estação Net Rio:“- Já era uma agonia que tinha dentro de mim, de pensar o cinema como o próprio cinema. Certos planos que você persegue e pensa junto com o diretor e o diretor junto contigo. Planos que constrói as vezes no pensa no roteiro ou constrói durante a preparação e aqueles planos que há uma identificação da produção infernal para fazer e você realiza aquele plano e muitas vezes a equipe inteira chora com a realização daquele plano. […] Quando chega no corte final daquele filme, aquele plano não entrou. Comecei ter uma idéia minha  que achei genial que era pegar os planos que não entraram e ficaram na sobra do negativo e montar um história com esses planos. Inventar uma analogia por afinidade esses planos, não uma história que ficaram fora mas que está dentro daqueles planos. Isso é uma idéia bacana mas na prática é impossível pois os negativos estão dilacerados, destruídos, se perdem […] tentei muito recuperar os planos que estavam na minha cabeça […] transformei a idéia na forma de conversar com quem estava filmando […] estabeleci a construção do plano,a unidade mínima do cinema. Um filme é construído por planos como um texto é construído por palavras. Como é que um plano conquista o lugar dele? Por que sai do filme? Essa era as indagações e basicamente duas perguntas: Para que serve o cinema? Por que você faz cinema?”

O diretor que assina a fotografia da grande maioria dos filmes nacionais conseguiu exprimir na telona todo o encantamento e beleza que está por trás de cada sequência. Frases marcantes ditas por dois grandes cineastas: Ruy Guerra”- A câmera é objetiva.” Conforme dito pelo saudoso diretor Héctor Babenco (*1946+2016)“- O filme é maior que a vida…”