Um dos filmes mais esperados do ano também é um dos mais polêmicos por tratar de um dos assuntos mais complicados e tensos no Brasil nos últimos anos, a Operação Lava Jato, a maior operação feita pela Polícia Federal no Brasil.

O que começou com uma busca ao doleiro Alberto Youssef, que já havia escapado do time de policias 10 anos antes por conta de um acordo, se mostrou ser muito mais do que parece ser. A Operação Lava Jato acabou descortinando uma poderosa rede de corrupção onde empresários, empreiteiros, doleiros e políticos de todas as estâncias estão atrelados. Depois de ganhar destaques diários nos telejornais, o Lava Jato ganha a tela de cinema.

O filme procura mostrar a ótica dos policiais que investigavam o caso. Até esse ponto de vista é interessante, mostrar a versão daqueles que lutaram para fazer um trabalho ingrato que é enfrentar gente muito poderosa e perigosa, sem a garantia da conclusão do trabalho, a punição pelo sistema. Como o sistema sempre livrava os culpados, o trabalho desses profissionais era não só desperdiçado, mas também colocava a vida desses profissionais em risco. É interessante ver a ótica desses profissionais. Ao mesmo tempo tem muita gente contra e tem muita gente a favor deles, então o dilema aqui é:  Onde encontrar o ponto de equilíbrio para fazer esse filme? Qual a tendência desse filme?

Uma coisa sabemos, o assunto incomoda e aguça a curiosidade de todos. Dois fatores devem ser levados em conta antes de ver esse longa: “filme como filme” e “o fato em si”. Afinal, essa história ainda está acontecendo e não tem um prazo determinado para acabar. Além disso, tem o fator que muitas óticas estão ainda à flor da pele de todos. Vale lembrar que cada pessoa que assistir tem um entendimento do fato e um entendimento da proposta do cineasta Marcelo Antunes e dos roteiristas Thomas Stravos e Gustavo Lipsztein.

O primeiro fator, é um filme baseado em fatos reais, e baseado quer dizer que o filme não segue à risca os fatos, apenas se baseia neles. No ponto de vista cinematográfico o filme funciona muito bem com bom roteiro, uma boa narrativa que é a mesma usada nos filmes “Tropa de Elite” 1 e 2. Como filme tem um bom trabalho técnico e apesar de se parecer como série de TV.

A Montagem de Marcelo Moraes foi interessante usando cortes mais dinâmicos e proporcionando um bom ritmo de história em cada cena. Quando a narrativa entra com uma animação, muito bem-feita, por sinal, de Radamés Araújo, a montagem trabalhou com uma dinâmica que funcionou como se estivesse em um brinquedo de parque temático, sem precisar de efeitos 3D para fazer funcionar.

A trilha sonora é boa e não rouba a atenção, ela se restringe a pontuar a história.

A maquiagem de Luiz Gaia funcionou bem na caracterização da maior parte do elenco, principalmente na caracterização do ator Leonardo de Medeiros em transformá-lo no personagem Marcelo Odebrech. A maquiagem não funcionou para os personagens do ex-presidente Lula e da ex- primeira dama, Dona Marisa. Aqui a culpa não é do maquiador e sim da diretora de casting que escalou atores que não combinavam nem fisicamente, e nem tinham a faixa etária dos personagens. Só identificamos porque as cenas são claras em falar quem são nos diálogos.

Apesar dos equívocos com os dois personagens, os demais atores do elenco foram bem escalados e os destaques ficam com Bruce Gomlevsky, Antônio Calloni e Roberto Berinelli.

Bruce Gomlevsky interpreta o detetive Júlio que desenvolveu várias nuances de interpretação do personagem. Ele pode mostrar os diversos lados de Júlio como um personagem humano, já que podemos ver o Júlio profissional, o Júlio idealista, o Júlio amigo, o Júlio filho e podemos ver a personalidade intensa e carismática daquele que é admirado e querido pelos colegas. Um dos melhores trabalhos do ator no cinema.

Calloni interpreta o líder da operação, Ivan que também mostra um pouco seu lado do dia a dia, mas de forma mais discreta. Um bom trabalho nas cenas com os dilemas do personagem.

Já Roberto Berindelli interpreta o estopim de tudo, o doleiro Alberto Yussef. Um sujeito tão seguro de si que se acha acima do bem e do mal. Yussef é debochado, irônico e criminoso de carteirinha. Apesar de ter escapado da cadeia por um acordo de delação premiada no famoso caso do Banestado, o mesmo time de Ivan o pegou, prendeu e ele acabou solto. Depois de 10 anos, a equipe é remontada e o foco da equipe da Polícia federal de Curitiba é levar Yussef de volta para cadeia e desmantelar seu esquema ilegal. Ao acertar Yussef, o time encontra a ponta do iceberg.

O Juíz Sérgio Moro é interpretado por Marcelo Serrado que na verdade foi pouco explorado, talvez de propósito para evitar mais polêmica em torno do personagem.

A personagem feminina da trama é Bia, uma policial forte interpretada por Flavia Alessandra. Ela está muito bem no personagem, mas ela não foi tão bem explorada pelo roteiro que não mostra tanto quem é a Bia, como foi feito com Júlio.

O time de policiais ainda contou com João Baldasserini como Vinícius, Rainer Cadete como Itálo Agnelli que estão bem também.

Outro personagem importante para a trama é o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa interpretado por Ronney Fachini e sua esposa Dona Marici interpretada por Sandra Corveloni estavam bem e a partir desse personagem o filme entra em outra fase.

No fim do filme tem imagens de fotos e vídeos dos personagens desse drama da vida real.

 

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