O Festival do Rio 2017 não poderia ter escolhido melhor filme para abertura deste ano do que “A Forma Da Água” (Shape of Water, 2017) de Guillermo del Toro. O longa distribuído pela Fox Film no Brasil infelizmente só contou com duas exibições no festival ontem (na cabine de imprensa e na cerimônia de abertura). O roteiro foi escrito por Del Toro e Vanessa Taylor.
O longa é um lindo conto de fadas que se passa durante a Guerra Fria nos Estados Unidos por volta de 1962. Nesse ambiente, conhecemos Eliza (Sally Hawkins), uma jovem e solitária faxineira que também é muda, mas consegue se comunicar bem com os seus amigos, entre eles Zelda (Octavia Spencer) que trabalha com ela em uma organização governamental e seu vizinho Giles (Richard Jenkins) que vive dando conselhos para a amiga. Tudo muda em sua vida quando ela descobre uma estranha criatura aquática (Doug Jones) no laboratório da organização e começa a se comunicar com ele.
A comunicação fora do comum entre eles (que inclui comida e música além da linguagem de sinais), acaba aflorando para uma amizade quando Eliza sente que precisa fazer algo para ajudar o novo amigo, nem que para isso precise passar por cima das ordens de Strickland (Michael Shannon), o principal responsável pelos testes feitos na criatura.
Com um roteiro cheio de referências que lembram outros clássicos no mesmo estilo como “Splash – Uma Sereia Em Minha Vida” (1984), o diretor de “O Labirinto do Fauno” nos traz uma nova roupagem para uma história já batida, mas sem tirar o glamour e a inocência do conto de fadas. O filme que já está abocanhando alguns prêmios e que ganhou recentemente o Leão de Ouro do Festival de Veneza de Melhor Filme com certeza vai agradar aos fãs do gênero e do diretor.
Sally Hawkins dá vida a Eliza e convence ser realmente muda. A personagem de Hawkins sem dúvida nenhuma é alma do filme e sentimos o que a personagem sente com seus medos, frustrações e desejos já que o filme também mostra uma narrativa do ponto de vista de Eliza. Sua conexão com a criatura e suas amizades com Giles e Zelda mostram bem como é a personagem.
Falar em Zelda, Octavia Spencer mais uma vez rouba a cena do filme sendo que ela é o alívio cômico do filme, mas também é a grande confidente da personagem de Hawkins. Doug Jones já é um velho conhecido do diretor, e já havia atuado em outras produções de Del Toro, também convence como a criatura mitológica aquática por quem Eliza inicia uma amizade fora do comum e decide protegê-lo do governo que quer conduzir experiências cruéis nele.
Michael Shannon também está ótimo como o grande vilão. Apesar de tudo ainda tenta levar as coisas para o lado positivo, e ainda assim conseguir levar alguma vantagem sob a criatura.
O filme ainda possui uma bela fotografia de tirar o fôlego graças a competência do diretor de fotografia Dan Laustsen e a trilha sonora também é maravilhosa com ótimas músicas, incluindo canção da nossa Carmem Miranda.
A Forma da Água é previsto para estrear nos cinemas nacionais em janeiro.
