O filme de Breno Silveira fala sobre a história de duas irmãs nascidas no sertão nordestino na época do cangaço. Duas irmãs da mesma mãe e do mesmo pai criadas pela tia após a morte de seus pais foram criadas ajudando a tia nas costuras, e mesmo assim, são tão diferentes em quase tudo. As duas tomam rumos diferentes e desenvolve então a história das irmãs e suas trajetórias.

O roteiro de Patrícia Andrade tem boa estrutura, bons diálogos, mas peca no excesso em algumas cenas desnecessárias para o filme. Os personagens são bem desenvolvidos e os atores bem escalados. Apesar de Marjorie Estiano não ser o tipo físico clássico de sertaneja, ela está muito bem no papel e seu sotaque está ótimo com o ritmo cantado do interior de Pernambuco. Já Nanda Costa ficou muito bem caracterizada e tem o tipo físico certo para o papel. Sua personagem tem um defeito no braço esquerdo e esse foi um detalhe com um certo grau de dificuldade a mais para atriz.  Ela se superou também em completar a Luzia com sotaque, o jeito de olhar, caminhar e falar para então vermos uma sertaneja perfeita.  O elenco estava harmônico e desenvolveram bem seus personagens. No fim das contas, o maior mérito é do diretor que soube tirar o melhor de seu elenco.

As movimentações de câmara, a fotografia, a direção de arte e a montagem são os pontos mais fortes do filme. Tudo transmite a dedicação e o cuidado em tornar cada detalhe o mais real possível.

Breno Silveira conseguiu belas tomadas e mostrou beleza com as imagens do sertão árido e da moderna Recife dos anos 30.

A fotografia de Leo Rezende Ferreira é trabalhada com vários tons de terra e as cores pastéis criando um contraste de uma beleza poética.

A direção de arte de Cláudio Amaral Peixoto é rica em detalhes e conseguiu recriar cenários e adereços de cena da época com muita precisão como a máquina de costura singer, adereços dentro das casas. Com essas leituras podemos ver quem são os personagens, qual a posição social, religiosa e financeira.

A montagem é o que transforma o filme de uma ideia em algo concreto. Cada frame foi pensado para dar vida a cada cena e juntar todas elas de forma unificada. Só assim, o filme passa a ter um sentido e para história faz toda a diferença entre a ideia original e o projeto finalizado.

A trilha sonora de Gabriel Ferreira ficou coesa pontua bem o clima nordestino do filme.

Como nada é perfeito, o problema do filme está em um erro recorrente no cinema em querer mostrar mais do que deve criando uma “gordura” desnecessária. Apesar do filme parecer contar uma história do sertão com um enfoque mais feminino, ainda se explora o corpo feminino com cenas de nudez e sexo. O corpo masculino é mais preservado. Se essas cenas fossem retiradas não fariam falta para a história. Existem vários recursos para dizer o que quer sem expor tanto as atrizes.

Fora isso, o filme é bom e bem executado. Vale a pena conferir mesmo com ressalvas.

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