Pelé – O Nascimento de uma Lenda (Pelé – Birth of a Legend) / Eua, 2016. 107 min. Direção: Jeff e Michael Zimbalist
Com: Seu Jorge, Kevin de Paula, Vincent D’Onofrio, Mariana Nunes, Leonardo Lima Carvalho, Rodrigo Santoro


Inicialmente projetado para ser lançado durante a Copa do Mundo em 2014, “Pelé – O nascimento de uma Lenda” (Pelé – Birth of a Legend no original) não ficou pronto a tempo e foi adiado para estrear durante as Olimpíadas de 2016, mas a estratégia de atrelar o filme a um grande evento esportivo não deu certo. No entanto o filme, dirigido pelos irmãos Jeff e Michael Zimbalist, ambos com experiência em documentários e séries, consegue se destacar pela forma que retrata um dos maiores ídolos do futebol internacional: Edson Arantes do Nascimento, conhecido mundialmente como Pelé.

A história começa oito anos antes de Pelé ter sido convocado para a seleção brasileira e ganhar a Copa de 1958. Filho de uma família humilde do interior de Minas Gerais, Edson (cujo apelido era Dico) é retratado como um típico arquétipo de superação. Negro, pobre e sem recursos ele conseguiu atingir o topo do Olimpo esportivo se tornando um dos jogadores mais admirados do mundo. E é neste tom que o filme se apóia. Com uma produção impecável, o argumento é calcado em uma narrativa bastante didática e instrutiva dos fatos sociais da época. Temos a origem do nome Pelé, a procedência da “ginga” (em uma sequência de caráter institucional) e a escalada do Brasil para a conquista da Copa do Mundo após as desmoralizações de 50 e 54, tudo devidamente explicado e ilustrado por uma edição que mantém o interesse do público. A pobreza é apresentada de forma asséptica e alegórica e todos os conflitos são resolvidos na base do altruísmo, ética e heroísmo com uma aura de patriotismo que ronda durante toda a projeção.
O eclético elenco formado por Seu Jorge, Vincent D’Onofrio, Mariana Nunes, Rodrigo Santoro, André Mattos, Milton Gonçalves, Fernando Caruso (e uma aparição cameo do próprio Pelé) sofre para manter uma coesão no sotaque exigido pela produção (todo falado em inglês com expressões em português), mas esta é uma concessão infalível, uma vez que a execução de um filme sobre o maior ídolo brasileiro foi parar nas mãos de estrangeiros (o mesmo aconteceu com o excelente documentário “Senna” dirigido por um britânico). É aí que reside a grande ironia dramática desta produção, pois dependemos do olhar de um estrangeiro para enxergarmos nossa identidade.

Mas no final das contas “Pelé – O nascimento de uma Lenda” funciona mesmo para aqueles que não apreciam o futebol nem o próprio biografado, pois apesar de ser extremamente apelativo e de fácil identificação primária, o filme resgata uma memória importante da história do esporte brasileiro.

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