O Artista do Desastre (The Disaster Artist) / Eua, 2017. 104 min. / Direção: James Franco / Com: James Franco, Dave Franco, Seth Rogen, Jacki Weaver, Ari Graynor, Tommy Wiseau

 

Que James Franco é um transgressor, todo mundo já sabia. O ator/diretor/produtor alterna trabalhos extremamente comerciais (Oz, Planeta dos Macacos: A Origem) com obras alternativas e quase experimentais (quem viu o documentário “Interior. Leather Bar” de 2013 sabe o que estou falando) tornando-se deste jeito uma das personalidades mais singulares da indústria cinematográfica da atualidade.

“O Artista do Desastre” (The Disaster Artist no original) faz parte desta excêntrica jornada onde Franco presta homenagem a Tommy Wiseau, uma bizarra figura que produziu, dirigiu, escreveu e atuou um dos piores filmes do século 21: The Room (nunca exibido comercialmente fora dos Eua).

Lógico que para degustar o filme de Franco torna-se necessário conhecer a “obra-prima” de Wiseau, mas mesmo aqueles que não tiveram acesso irão saborear uma obra debochada sobre os sonhos, conquistas e à arte de representar.

Baseado no livro homônimo de Greg Sestero, Franco apresenta uma comédia de humor negro ao vasculhar os bastidores da produção de Wiseau, recheada por problemas e situações inusitadas. É um filme pensado para a legião que consome filmes alternativos e que fizeram de The Room um Cult moderno lotando sessões a meia noite com participação do público (no mesmo estilo de “The Rocky Horror Picture Show”). A homenagem ecoa na mesma sintonia de Tim Burton ao ressuscitar o mito Ed Wood (considerado um dos piores cineastas de todos os tempos), mas com um grande diferencial. Enquanto Wood não dispunha de recursos financeiros para produzir suas bagaceiras, impregnando-as de puro amor à sétima arte, Wiseau contava com um vasto orçamento de origem desconhecida despejando suas idiossincrasias em um roteiro medíocre e amador.   (The Room teria custado em torno de 5 milhões de dólares).

Mas o grande segredo de “O Artista do Desastre” está em não se fechar num determinado gueto expandindo o segmento para que outros possam apreciar o melhor do pior que o cinema tem a oferecer. Assim como um alquimista imagético, Franco transforma algo ruim e desconhecido em um valioso estudo sobre o orgulho ferido de um indivíduo sem noção e carente ao extremo.

 

 

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