“Kubrick por Kubrick”, de Grégory Monro, é um documentário de arquivo que não traz nada novo, mas serve aos mais saudosistas, amantes das obras do grande mestre Stanley Kubrick, com a vantagem de trazer áudios do próprio ídolo em vida narrando suas escolhas e seu processo criativo. E, como não podia deixar de ser, a 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo trouxe mais essa experiência para os cinéfilos que também dialoga com a preservação da memória e formação do olhar a partir do acervo do cinema.

Como dito acima, talvez o maior diferencial desta obra é que somos guiados neste documentário nas palavras do próprio cineasta, algo que não seria garantia de autoconhecimento da própria linguagem, mas que, no caso de Kubrick, até excede as expectativas de plena sabedoria cinematográfico sobre plano, espaço e etc… Porém, o quanto o diretor sobre quem a narrativa versa neste filme pode ter domínio abundante sobre seus filmes, não podemos dizer o mesmo do processo de montagem de Philippe Baillon. Sem inspiração nem qualquer expressão artística própria, ou mesmo inspirada pelo objeto de estudos, a sucessão de imagens de arquivo adulatórias em homenagem ao saudoso diretor não conseguem exprimir algo novo para além do universo já conhecido pela maioria dos cinéfilos. Não podemos nem dizer que foi um excelente trabalho de pesquisa, pois a grande maioria das imagens ou entrevistas mostradas não são nem raras nem pouco vistas.

No fim, é apenas um trabalho dedicado aos iniciantes na obra do mestre, como quem talvez ainda tenha mal começado a adentrar na complexidade de obras-primas como “O Iluminado”, “Barry Lyndon” ou mesmo “De Olhos bem fechados”, ou mesmo para os muito aficcionados que não perdem nada sobre aquilo que mais amam na sétima arte. Melhor ficar com os livros já feitos sobre Kubrick que estará servido de muito mais material.

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui