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Todos os problemas tristemente tradicionais em favelas estão presentes no filme “O Fim do Mundo”, de Basil da Cunha. Gravidez na adolescência, drogas, violência. Acompanhamos o retorno do jovem Spira ao bairro da Reboleira, em Lisboa, Portugal, após oito anos num reformatório. O diretor, filho de imigrantes portugueses nascido na Suíça, traz a visão de quem viveu durante anos no bairro e, o que se destaca, utiliza de atores não profissionais que se saem muito bem.

Faz toda diferença a visão única de Basil da Cunha, como alguém que traz o olhar de dentro e de fora ao mesmo tempo. Meio suíço, meio português, mas inserido naquele espaço, morador. Saber que as atuações no longa-metragem são de atores amadores também traz um outro sabor. Quando vi, não sabia. Vim descobrir depois após algumas pesquisas. O próprio ator que faz o Spira, Michel David Pires Spencer, ficou também alguns anos em um reformatório. De certa forma, parece que eles estão todos atuando ali como eles mesmos e isso acaba por dar mais veracidade ao que vemos.

O protagonista é um mistério, não sabemos o que ele fez para passar oito anos detido, mas temos algumas pistas durante a exibição. Inclusive com as diversas ações que ele toma. Claramente, não acredita mais em sonhos. Sua ingenuidade, sua pureza, não existe mais. Os caminhos vão sendo escolhidos dentro das opções que se apresentem.

Possivelmente, um dos melhores filmes que vi no ano de 2020, me fez lembrar da realidade brasileira. Basil comentou que queria fazer um filme de resistência. Vemos a batalha contra a especulação imobiliária, mas, no fim, me restou um sabor de desesperança.

*O Cinema Para Sempre recebeu o convite para ver antes alguns dos principais filmes do Panorama Digital do Cinema Suíço que chega à sua 8ª edição, a primeira online. A missão ficou com o jornalista cultural Alvaro Tallarico. O evento acontece de 27 de agosto a 6 de setembro e busca aproximar brasileiros da produção cinematográfica suíça. Os filmes serão exibidos gratuitamente na plataforma Sesc Digital. O festival é uma realização do Consulado da Suíça em São Paulo e do Sesc São Paulo, em parceria com a agência de cinema Swiss Films.

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