“O Homem Mais Feliz do Mundo” se passa em Sarajevo, no contexto do fim da Guerra da Bósnia dos anos 90, e mostra a população tentando voltar à normalidade. Asja é uma mulher solteira de 40 anos que entra em um programa de encontro às escuras com diversos participantes ao mesmo tempo. Esse “show”, embora não seja televisionado, poderia perfeitamente ser um quadro do Programa Sílvio Santos, de tão inusitado que ele é. Existem momentos em que os partícipes são divididos em casais e precisam responder perguntas bem pessoais e, muitas vezes, constrangedoras. E acontece até mesmo uma dança carnal envolvendo todos os participantes.

 

É nesse cenário que Asja conhece Zoran, um homem muito perturbado que não busca o amor, mas sim o perdão da protagonista. Ele acredita ser o atirador que atingiu a moça com uma bala em seu apartamento durante os primeiros anos da guerra. Essa é a questão central do filme: como esse incidente afetou as vidas dos protagonistas e como eles lidam com isso.

 

O filme navega pelo drama pesado, que permeia não apenas os dois protagonistas, mas também as interações entre eles e os demais personagens, que participam do “show de encontros”. Ao longo das brincadeiras do programa, surgem comentários sociais interessantes. Por exemplo, quando os participantes são questionados sobre a possibilidade de se relacionarem com um sérvio, as respostas nem sempre são as que se esperam – como uma mulher mulçumana bósnia que disse que aceitaria se relacionar com um sérvio, mesmo com todos os conflitos que ocorreram entre as duas populações.

 

O filme retrata a triste realidade da sociedade anteriormente conhecida como Iugoslávia, totalmente fragmentada em diversos países e territórios, e que ainda precisa se recuperar política e, principalmente, socialmente. A fragmentação do território fez com que muitas pessoas tivessem que fugir de suas terras; e essas pessoas agora retornam e precisam voltar a conviver com seus antigos vizinhos, que muitas vezes foram seus oponentes durante o conflito, chegando a participar de grupos de extermínio. Na tentativa de reintegração dessas sociedades, dificilmente o perdão será dado de maneira tranquila.

 

Nota: 3,0 estrelas

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