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Confira os vencedores da 13a Mostra Ecofalante
O longa-metragem brasileiro “Não Existe Almoço Grátis” foi o vencedor do Prêmio do Público de Melhor Longa-Metragem da 13ª Mostra Ecofalante de Cinema. O filme teve uma nova exibição gratuita na Cerimônia de Encerramento do evento, que aconteceu no último sábado (17) no Centro Cultural São Paulo (CCSP).
Dirigida pela dupla Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel, a produção acompanha três mulheres que lideram uma das Cozinhas Solidárias do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) em Sol Nascente, considerada atualmente como a maior favela do Brasil. Para a posse do terceiro mandato do presidente Lula, elas foram encarregadas de cozinhar para centenas de pessoas que chegarão a Brasília para assistir à cerimônia.
Já em nossa nova mostra competitiva, a Competição Territórios e Memória, que se dedicou a exibir produções que abordam diferentes visões e aspectos do Brasil, tivemos “Rejeito” como vencedor do Melhor Longa-Metragem pelo júri. Com direção de Pedro de Filippis, o filme discorre sobre um dos maiores rompimentos de barragem de rejeito da história, o desastre de Mariana, e explora como novas barragens ameaçam romper sobre milhões de pessoas em Minas Gerais.
O júri responsável pela avaliação dos filmes na Competição Territórios e Memória é composto por Carolina Canguçu, Nara Normande e Tatiana Toffoli. “Rejeito” receberá o troféu Ecofalante e um prêmio de R$ 15 mil por “ser um filme corajoso e dramático que acompanha os atingidos pelo rompimento da barragem de Brumadinho e aqueles que ainda sofrem com a tortura psicológica diária de ameaça de novos rompimentos e de remoção de seus territórios pela empresa Vale”, na avaliação do júri.
Ainda na categoria longa-metragem da Competição Territórios e Memória, “À Margem do Ouro”, do diretor Sandro Kakabadze, ficou com o prêmio de menção honrosa do júri. O filme focaliza na região do Rio Tapajós, a maior produtora de ouro do Brasil, que abriga histórias de homens e mulheres que têm suas vidas entrelaçadas pela exploração ilegal e predatória desse minério. O júri ressaltou as “imagens impactantes e ainda pouco vistas no cinema, alternando entre planos intimistas que mostram o cotidiano de pessoas que vivem de diferentes formas em função do garimpo, e planos aéreos que denunciam a destruição da floresta causada por essa atividade ilegal e devastadora na bacia do rio Tapajós”.
O Prêmio do Público na categoria longa-metragem da nova mostra competitiva foi para “O Bixiga é Nosso!”, de Rubens Crispim. Iniciado nos anos 1980, o bem-sucedido processo de tombamento patrimonial que preserva a história arquitetônica do bairro do Bixiga, em São Paulo, encontra-se em risco constante, mas segue defendido pela comunidade. No mesmo território, há 40 anos, a mais antiga companhia de teatro em atividade no país luta pela preservação de sua sede e do terreno que abriga um rio com água potável encanada a menos de quatro metros da superfície.
Já nas categorias de curtas-metragens da Competição Territórios e Memória, o prêmio do júri de Melhor Curta foi para “Ava Yvy Pyte Ygua / Povo do Coração da Terra”, dirigido por Lara Jacoski e Patrick Belem, por “fazer cinema de dentro e de forma coletiva. Pela ousadia em sua forma fílmica ao apostar na ausência de luz enquanto potência de imaginação e na eloquência do silêncio e do cochichar da reza”. A produção focaliza a reza longa que protege os indígenas Kaiowá e os aproxima dos povos-raio e dos povos-trovão para rememorar a história do começo da terra que só esses povos sabem contar. O filme ganhará o troféu Ecofalante e R$ 5 mil de prêmio.
O curta “Nunca Pensei Que Seria Assim”, de Meibe Rodrigues – que propõe, através de memórias do próprio passado, uma reflexão sobre negritude e escrevivência – foi o escolhido pelo júri como menção honrosa da categoria de curta-metragem pela “força do depoimento da realizadora que encara a câmera convocando a espectadora e o espectador a mergulhar em memórias de uma vida inteira”
Já no Prêmio do Público para os curtas tivemos um empate técnico, premiando duas produções: “A Bata do Milho” e “Nosso Terreiro”. “A Bata do Milho”, de Eduardo Liron e Renata Mattar. A produção retrata a região de Serra Preta, sertão da Bahia, onde encontram-se famílias de trabalhadores rurais que mantêm viva a tradição dos cantos de trabalho durante o cultivo do milho.
Já “Nosso Terreiro”, de Anna Rieper, Patrícia Medeiros, Ranyere Serra e Fernando Lucas Silva. Bumba-Boi, música e fé estão no centro do curta. Passado no terreiro de Maracanã, a produção registra caboclos e encantados brincantes em festa comemorando o dia de São João.
Enquanto isso, na Competição Latino-Americana, “Céu Aberto”, de Felipe Esparza Pérez, recebeu o Prêmio de Melhor Longa-Metragem da categoria pelo júri – composto por Lucas Bambozzi, Tatiana Lohmann e Mariana Jaspe.
A coprodução Peru/França observa um pai peruano que trabalha pacientemente quebrando a pedra branca vulcânica em uma paisagem extraordinária. Seu filho faz parte do mundo moderno: usa câmeras e drones para criar no computador a maquete digital de uma igreja. Seus caminhos se cruzam de maneira fantasmagórica: cada um a seu modo trabalha com texturas e volumes, sensações e percepções. O júri concedeu o prêmio pelo “caráter cinematográfico construído a partir de visões distintas da realidade peruana, atravessada por paisagens assombrosas de extração de pedra vulcânica branca (…) Por expressar, com economia de elementos, a herança nefasta da colonialidade”.
Duas menções honrosas foram concedidas aos longas-metragens nesta edição. “A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, foi um dos escolhidos pelo “seu caráter articulador entre conhecimentos e visões de mundo. O filme aborda o fazer audiovisual em múltiplas camadas de informação, incorporando processos criativos de identidade comunitária, sociológicas e antropológicas ao mesmo tempo”. Já “Ramona”, de Victoria Linares Villegas, segunda menção-honrosa, confunde as fronteiras entre ficção e não-ficção ao acompanhar uma jovem atriz que se prepara para assumir o papel de uma adolescente grávida que mora na periferia de Santo Domingo, na República Dominicana.
O Prêmio do Público para a Competição Latino-Americana ficou com o longa-metragem peruano “Histórias de Shipibos”, do diretor Omar Forero. No filme, um menino Shipibo é criado pelos avós em contato direto com a floresta amazônica e seus habitantes, os quais ele respeita e considera parte de seu meio social. À medida que cresce e entra em contato com a vida urbana, ele renuncia à sua cultura para evitar a discriminação.
Concurso Curta Ecofalante
O grande vencedor do Concurso Curta Ecofalante foi “Por trás dos prédios”, de João Mendonça (estudante da Universidade Federal de Alagoas). O filme retrata como, desde 2021, a prefeitura de Maceió se aproveita das fortes chuvas locais para desmobilizar uma das maiores favelas de Alagoas. As pessoas que ainda resistem vivem presas e invisíveis à sombra do Parque da Lagoa. Segundo o júri, o filme “consegue nos conduzir por uma denúncia social sobre as condições de vida dos moradores que se cercam daquele espaço geográfico”.
O júri do Concurso Curta deste ano foi formado por Clarisse Alvarenga, Everlane Moraes, Letícia Rolim e Lucas H. Rossi. “Por trás dos prédios” ganhará o troféu Ecofalante e R$ 4 mil de prêmio.
Duas produções receberam menção honrosa nesta 13ª edição da Mostra. Uma delas foi “As placas são invisíveis”, de Gabrielle Ferreira (estudante da Escola de Comunicações e Artes da USP), no qual cinco estudantes negras revelam como é estar dentro da USP no momento de ebulição da luta pró-cotas. Para o juri, a produção “nos leva a imaginar a força que o futuro deste país pode vir a ter a partir da presença de corpos e vozes negras no espaço público”. A segunda menção-honrosa ficou com “Deriva”, de Hellen Nicolau (integrante do projeto É Nóis na Fita) por “conseguir trazer uma abordagem autoral e surpreendente que permite questionar a cidade de São Paulo com sua ideia de desenvolvimento e de aceleração, e o que essas perspectivas geram no passo apressado das pessoas que ali vivem”.
Já o Prêmio do Público foi para “Cida tem duas Sílabas”, de Giovanna Castellari (estudante da FAAP). No filme, a costureira Cida, de 60 anos, precisa assinar um documento em seu trabalho, mas não sabe ler o que diz nele. Com a ajuda da professora de sua neta, Cida se aproxima da alfabetização, ao mesmo tempo que começa a se questionar sobre coisas que acontecem em seu ambiente de trabalho.
Confira os vencedores:
13ª Mostra Ecofalante
Prêmio do Público – Melhor Longa-Metragem
“Não Existe Almoço Grátis”, de Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel
Competição Latina-Americana
Prêmio do Júri – Melhor Longa-Metragem
“Céu Aberto”, de Felipe Esparza Pérez
Prêmio do Júri – Melhor Curta-Metragem
“Concórdia”, de Diego Véliz
Prêmio do Público – Melhor Longa-Metragem
“Histórias de Shipibos”, de Omar Forero
Prêmio do Público – Melhor Curta-Metragem
“A Menos que Bailemos”, de Hanz Rippe Gabriel e Fernanda Pineda Palencia
Menção Honrosa do Júri – Longa-Metragem
“A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho
“Ramona”, de Victoria Linares Villegas
Menção Honrosa do Júri – Curta-Metragem
“Você Vai Me Esquecer?”, de Sofía Landgrave Barbosa
Competição Territórios e Memória
Prêmio do Júri – Melhor Longa-Metragem
“Rejeito”, de Pedro de Filippis
Prêmio do Júri – Melhor Curta-Metragem
“Ava Yvy Pyte Ygua / Povo do Coração da Terra”, de Lara Jacoski e Patrick Belem
Prêmio do Público – Melhor Longa-Metragem
“O Bixiga é Nosso!”, de Rubens Crispim
Prêmio do Público – Melhor Curta-Metragem
“A Bata do Milho”, de Eduardo Liron e Renata Mattar
“Nosso Terreiro”, de Anna Rieper, Patrícia Medeiros, Ranyere Serra e Fernando Lucas Silva
Menção Honrosa do Júri – Longa-Metragem
“À Margem do Ouro”, de Sandro Kakabadze
Menção Honrosa do Júri – Curta-Metragem
“Nunca Pensei Que Seria Assim”, de Meibe Rodrigues
Concurso Curta Ecofalante
Prêmio do Júri – Melhor Curta Ecofalante
“Por trás dos prédios”, de João Mendonça
Prêmio do Público
“Cida tem duas Sílabas”, de Giovanna Castellari
Menção Honrosa do Júri
“As placas são invisíveis”, de Gabrielle Ferreira
“Deriva”, de Hellen Nicolau
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