

Cinema
Crítica: Emilia Pérez
Uma trama complexa, com várias camadas de tensão, emoção e surpresas. Essa pode ser uma boa definição de Emilia Pérez que é um drama musical que tem uma história intensa, dinâmica e muito bem construída.
O filme conta a história de um líder de cartel mexicano, Manitas Del Monte que quer desaparecer de seu país e se tornar uma mulher. Rita, uma advogada infeliz com seu trabalho, recebe uma proposta milionária para ajudar no plano dele fazer esta mudança. Depois de quatro anos, as duas se reencontram e Emilia volta ao México para ficar próximo da família, mas como se fosse uma prima distante da família e cria uma ONG, junto da advogada, para ajudar na busca por desaparecidos no país. Contudo, diversos episódios o fazem reencontrar com o seu passado que quis tanto esquecer e diz se arrepender.

É uma produção que surpreende por trazer um enredo com alta voltagem de acontecimentos nas mais de duas horas de filme, mas com equilíbrio e sem se atropelar. Com muitos méritos técnicos e artísticos, tem um que é primordial: consegue fazer o espectador ter reações. Não tem como ficar indiferente com tantas reviravoltas.
A história, que chega aos cinemas em 06 de fevereiro, consegue trazer várias temáticas: violência, arrependimento, verdade, remissão, amor, autoaceitação, afeto e poder de uma maneira envolvente e acertada. Isso é graças a um roteiro muito eficiente, amarrada e com bons ganchos que se encaixam com o que a história quer entregar ao público. A complexidade da história pelas suas nuances reforça bastante a qualidade da produção e é bastante fluido e direto.
A captação das imagens é primorosa e enriquecem a qualidade que a produção tem, sobretudo nas cenas cruciais do filme como a do acidente de carro no final. Este é um bom exemplo do que conseguimos ver os aspectos técnicos podem realçar o que os filmes têm de melhor.
A produção em si em um todo tem uma construção e um ritmo que se harmonizam e a reta final dela é o ápice. As reviravoltas que são apresentadas com muita tensão, emoção, ação e surpresas são muito bem contadas e representam a originalidade que a produção tem.
Duas atuações que a produção traz são arrebatadoras. Karla Sofía Gascon como a protagonista da trama é sublime em todos os momentos e é em uma trama tão complexa pelas nuances que ela carrega consegue trazer muita autenticidade e emoção a sua personagem que dá o tom da trama. Zoe Saldana também se destaca bastante como Rita com uma atuação rica, sólida e com muita potência em todos os momentos.
Selena Gomez que interpreta Jessi, esposa de Manitas e que depois de sua “morte” passar a namorar Gustavo, tem uma atuação boa, mas tem uma oscilação na parte intermediária na trama quando ela vai para casa de Emilia, mas antes e, em especial no final tem uma boa perfomance. Edgar Ramirez, o Gustavo, é um pouco apagado durante nas primeiras cenas, mas se destaca no fim.

Outra atuação muito interessante é Adriana Paz, a Epifania. Ela chega no fim da história e após descobrir a morte de seu marido, ela acaba se envolvendo com Emilia. A performance nela é irretocável e é destaque na cena final que é bastante surpreendente e impactante.

As músicas no geral são muito interessantes e dão um diferencial ao filme como na cena em que Rita demonstra insatisfação a Emilia sobre a presença de integrantes do cartel e políticos envolvidos em corrupção no jantar beneficente da ONG que ela colabora e canta os escândalos em que as pessoas presentes têm. A forma como é concebido a cena e se desenrola é espetacular.
Entretanto, vem na área musical, o único aspecto negativo. No começo, a música que retrata a ida de Rita a um complexo médico em Bangok destoa bastante da produção e não cativa. Tenta ser pra cima, mas não consegue.
Emilia Pérez abre o Festival do Rio 2024 em grande estilo com uma produção arrojada e com muita fluidez, uma história muito bem contada e com atuações de destaque, além de uma qualidade técnica elevada. É um excelente filme e que mexe com o espectador do princípio ao fim com uma trama muito envolvente.
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