Crítica: Betânia

Betânia (2024)

É um filme rodado todo no Maranhão que mostra a triste realidade dos maranhenses que vivem abaixo da linha da miséria e ainda continuam com o sorriso no rosto. A trama gira em torno da personagem Betânia (Diana Mattos) e sua família, que depois da morte do patriarca já na abertura, precisa refazer a sua vida, mas tem resistência às mudanças drásticas, como sair de casa. Apesar de ser uma casa de palafitas sem conforto algum, aonde não há interesse dos políticos para o progresso chegue aquela região e atrapalhar o turismo local que atrai principalmente os “gringos” que valorizam muito mais a cultura local e pagam em “dólar” brincadeiras a parte, se as Dunas estão preservadas é porque quem mora perto de lá não tem luz, só agora que resolveram colocar a solar, mas não da forma correta, pois sobrevivem mais a luz de velas como se vivesse no século XIX.

Apesar de pouca instrução, Betânia é uma mulher muito sábia que identifica os problemas nos mínimos detalhes, como a morte do marido, acarretada pelo excesso de sal colocado nos peixes para não estragar, mas em compensação a sua saúde ficou debilitada, um pescador que tirava modas da viola que fazia na hora, mas não tinha nada anotado, mostrando o quanto de conhecimento se foi com este homem do povo.

A nossa protagonista é uma parteira por vocação desde os 12 anos e apesar de trazido muitas crianças ao mundo, perdeu sua filha no parto , porém Antonio Filho, seu neto, é uma criança acima da média que consegue reconhecer a importância do seu povoado desde criança.

A sua família é realmente sobrevivente do sistema e mesmo depois de ver o fogo destruir toda a sua humilde moradia quando seu menino estudava, consegue recomeçar a sua vida aonde começou em Betânia, o seu nome de batismo.

Neste drama, Marcelo Botta, diretor e roteirista, consegue capturar a emoção dos espectadores com a lição dada pela matriarca com a faltar luz ocorrida na inauguração de seu restaurante aonde param de olhar o celular e começam a ouvir suas sábias palavras: “a minha internet é a minha cabeça e eu não tenho todas as respostas”, pois é uma mulher de uma extrema sabedoria e não tola.