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Itaú Cultural Play recebe produções do Festival do Rio 2024, mostra TAGS para o Vídeo e curta de terror experimental
A Itaú Cultural Play, plataforma de streaming gratuita de cinema brasileiro, recebe lançamentos com temáticas variadas entre as novidades desta semana. Uma delas é uma janela de exibição da edição deste ano do Festival do Rio, com curtas e longas da mostra Première Brasil. A outra é TAGS para o Vídeo, mostra que investiga os caminhos e a linguagem do vídeo experimental brasileiro. E, por fim, a IC Play convida os amantes de filmes de terror a assistir Ímã de geladeira (2022), curta-metragem sergipano que coleciona mais de 50 seleções em festivais e recebeu menção honrosa do júri no Festival de Cinema de Gramado de 2022.
Festival no streaming
Até 27 de dezembro, a Itaú Cultural Play disponibiliza um recorte da 26ª edição do Festival do Rio, que aconteceu entre 3 e 13 de outubro deste ano na capital fluminense. O evento é um dos maiores encontros audiovisuais da América Latina e uma das maiores vitrines do cinema brasileiro, já tendo exibido mais de 7 mil produções nacionais e internacionais.
Neste recorte da IC Play, a curadoria apresenta três curtas e quatro longas-metragens, sendo um deles premiado, que integraram a mostra Première Brasil. O céu não sabe meu nome (2024), curta-metragem de Carol AÓ, que recebeu a menção honrosa do júri, acompanha a história de uma mulher que, diante da morte da avó, ressignifica suas memórias antes não reveladas.
A seleção de curtas também traz Procura-se uma rosa (2024), uma adaptação da peça de mesmo nome, escrita por Vinícius de Moraes em 1962. Dirigido por Julia Moraes, usa uma linguagem experimental para contar sobre o sumiço misterioso e repentino de uma jovem e a busca de seu marido por ela. Por fim, o recorte traz Viva volta (2005), de Heloisa Passos, sobre o reencontro do trombonista Raul de Souza, o “souzabone”, com a amiga e parceira artística Maria Bethânia e com seu estado de origem, o Rio de Janeiro, após anos vivendo fora do país.
Entre os longas-metragens, um dos dois documentários é Armando Costa “Televisão para mim não é bico” (2024), do cineasta Victor Vasconcellos, sobre a trajetória de Armando Costa (1933-1984), autor de TV responsável, entre outros, pelo roteiro de programas como A Grande Família, na década de 1970, e parcerias com Jô Soares. O outro documentário é Alarme silencioso, de Ricardo Favilla, que aborda o suicídio entre jovens no Brasil a partir de uma encenação de teatro sobre a história de uma jovem que, após tentar suicídio, se reencontra com os amigos de um grupo teatral.
Já o drama Insubmissas (2024) é uma antologia de quatro curtas-metragens criados pelas diretoras Tais Amordivino, Luh Maza, Julia Katharine e Ana do Carmo, com direção geral de Carol Benjamin. Temas como casamento, violência doméstica, desejo e cura perpassam a obra, que traz diferentes visões sobre ser mulher no país – um deles retrata os últimos dias de uma mulher trans idosa numa casa de repouso, e outro mostra a vida de uma enfermeira que tenta superar a morte da filha.
Encerra a seleção do 26º Festival do Rio a animação para crianças Thiago & Ísis e os biomas do Brasil (2024), de João Amorim. Nele, os irmãos Thiago e Ísis, junto com seu pai, o cineasta João, exploram três biomas brasileiros: Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Em cada cenário, eles ajudam um animal em perigo e descobrem sua importância e seus mistérios.
Experimentais temáticos
A mostra TAGS para o Vídeo, por sua vez, explora os caminhos do vídeo experimental brasileiro, marcado pela inovação na linguagem, na estética e nas tramas. O curador Roberto Cruz, doutor e especialista em audiovisual, escolheu nove curtas-metragens de épocas diferentes, com modos de estar e ver o mundo que vão além dos estereótipos e repertórios convencionais ou hegemônicos.
Os filmes foram divididos em quatro tags temáticas. A primeira é TV Guerrilha, voltada a produções de cineastas das décadas de 1970 e 1980 que criaram programas à margem do mercado audiovisual estabelecido. Um dos filmes que integra esse recorte é She has a Beard (1974), de Rita Moreira e Norma Bahia Pontes. Nele, a artista Forest Hope, uma mulher com barba, sai pelas ruas de Nova York, no auge do movimento feminista, perguntando o que as pessoas acham dela e de seus pelos no rosto.
O outro é O espírito da TV, lançado em 1990, mas gravado em 1989. Ele pertence ao celebrado projeto Vídeo nas Aldeias, criado em 1986 pelo cineasta Vincent Carelli para preservar e fortalecer as culturas indígenas no Brasil. No curta, indígenas Wajãpi dão suas impressões após verem suas imagens e as de outros povos pela primeira vez em uma televisão.
A segunda tag é Ativação: Gestos e Identidades, com produções no qual o engajamento e o discurso estético funcionam como modo de ação. Nela, estão Parabolic People (1991), de Sandra Kogut, e Eclosão de um sonho, uma fantasia – O filme (2023), de Igi Lola Ayedun. Para a filmagem de Parabolic People, Sandra instalou cabines individuais com uma câmera nas ruas das cidades de Tóquio, Moscou, Nova York, Dakar, Paris e Rio de Janeiro. A partir dos testemunhos de pessoas em várias línguas, em uma época na qual a internet ainda não era acessível, o filme constrói uma versão otimista da lenda da Torre de Babel. O filmefoi um dos primeiros trabalhos artísticos experimentais a utilizar a tecnologia digital e foi concebido para ser assistido sem legendas.
Em Eclosão de um sonho, uma fantasia – O filme, a artista multimídia paulistana Igi Lola Ayedun, fundadora da galeria HOA, estimula o banco de dados de uma inteligência artificial a compor autorretratos, mosaicos e paisagens apocalípticas e distópicas. O filme partiu de uma pesquisa de Igi sobre a influência africana na tecnologia, sobretudo nos modos de transmissão de conhecimentos que os materiais carregam.
Lição de Anatomia, como é chamada a terceira tag, agrupa filmes nos quais corpo e imagem são instrumentos de representação. Corda (2014), de Pablo Lobato, retrata o Círio de Nazaré, uma das maiores procissões católicas do mundo, realizada em Belém, no Pará, desde 1793. Todos os anos, milhões de pessoas se reúnem para o cortejo à santa e disputam o privilégio de segurar a longa corda de sisal pelas ruas da cidade.
Refino #2 (2017) foi filmado no antigo Engenho de Oiteiro, uma construção do século XIX, no Recôncavo Baiano. Nele, o diretor Tiago Sant’Ana evoca uma reflexão sobre a colonialidade, a memória e a existência negra a partir de uma cena de uma cascata de açúcar que rui sob o corpo de um homem.
A animação Vigilante_Extended (2022), de Vitória Cribb, também aborda os corpos negros. Nesta ficção científica afro-futurista são apresentas as vigilantes, figuras femininas compostas por vários olhos e orelhas gigantes, que observam os movimentos do ciberespaço. Exibida em diversos espaços expositivos ao redor do mundo, a obra foi adquirida pelo Denver Art Museum, nos Estados Unidos, no ano passado.
A quarta e última tag é Território em Transe: Natureza, com filmes que trazem a imagem como forma de representação da relação do homem com o meio ambiente. Em O peixe (2016), de Jonathas de Andrade, o foco é uma vila de pescadores com o costume de abraçar os peixes recém-capturados. Exibida pela primeira vez na Bienal de São Paulo de 2016, e realizada com a participação de pescadores de Piaçabuçu e Coruripe, na região da foz do rio São Francisco, fronteira entre Alagoas e Sergipe, a obra revela os sentidos mais profundos de um gesto afetuoso e, ao mesmo tempo, violento.
Por fim, Mãri hi – a árvore do sonho (2023), do cineasta yanomami Morzaniel Ɨramari, revela ao espectador a visão do povo yanomami sobre os sonhos. No curta-metragem roraimense, é feita uma viagem pela floresta enquanto a voz do xamã e líder indígena Davi Kopenawa conta a lenda da Árvore do Sonho.
Terror premiado
A Itaú Cultural Play traz ao catálogo o curta-metragem de terror Ímã de geladeira (2022), que coleciona mais de 50 seleções em festivais e recebeu menção honrosa do júri no Festival de Cinema de Gramado de 2022.
Dirigido por Carolen Meneses e Sidjonathas Araújo, o filme conta a história de um casal de costureiros que, após uma série de apagões, precisa comprar uma geladeira nova. Mas o que seria uma simples compra em uma loja de usados torna-se um risco – só que apenas para pessoas negras.
Realizado por estudantes do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Ímã de geladeira se utiliza de elementos do terror, da fantasia e do surrealismo para refletir sobre o neocolonialismo, a violência aos corpos negros e periféricos e a espetacularização de meios de comunicação.
Serviço
26º Festival do Rio na Itaú Cultural Play
Até 27 de dezembro de 2024
TAGS para o Vídeo, na Itaú Cultural Play
A partir de 13 de dezembro de 2024
Estreia de Ímã de geladeira (2022) na Itaú Cultural Play
A partir de 13 de dezembro de 2024
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