Crítica: Inverno em Paris

A adolescência é um período de mudanças, de incertezas, de certezas, de conflitos e de consolidação do que somos. Inverno em Paris tem este mote contando a história de Lucas, que aos 17 anos, tem sua vida transformada com a morte de seu pai e vai para Paris visitar seu meio-irmão Quentin em um período de mudanças para ele. A produção retrata de uma maneira ampla tudo que se passa por ele.

É uma produção que consegue trazer todos os momentos do protagonista, os bons e os ruins, de uma maneira sensível e em alguns momentos forte. Tem muitas nuances que cercam o mar de incertezas que o protagonista vive ao longo da produção sobre diversos assuntos. Há também muitos conflitos e neste caso a produção pesa a mão e exagera.

No caso dos episódios de brigas, há episódios que até parecem fazer sentido, mas tem alguns que soam forçado e exagerado e até desnecessários. A busca pelo mais real possível não pode ultrapassar a lógica da história e o que vimos em alguns momentos foi excessos.

Mesmo com estes porém, a produção tem uma boa história e consegue entregar ao público o que promete e passa por temas sensíveis que são importantes de serem abordados e com cuidado. A fotografia do filme as vezes não ajudou na produção, sobretudo em passagens noturnas, mas a edição foi correta.

A grande atuação do filme não é do protagonista, mas de Juliette Binoche. A atriz interpretou a mãe do Lucas e conseguiu passar com muita sensibilidade todas as sensações que ela vivia na produção e foi certeira em todos os instantes. A força que ela traz em cada instante na obra é sublime, sobretudo na tocante e bela cena final com Lucas vivendo momentos felizes.

Paul Kircher interpreta protagonista e teve a atuação boa, mas em alguns momentos pareceu forçado e isso, de alguma forma, comprometeu o resultado. O mesmo problema aconteceu com Vicent Lacoste, o meio-irmão Quentin na produção com algumas oscilações no decorrer das duas horas de filme.

Inverno em Paris é uma produção com algumas cenas forçadas e problemas de fotografia que comprometem em parte o resultado. Entretanto, é uma história consistente, sensível em alguns momentos e que tem mais uma atuação impecável de Juliette Binoche. É um bom filme sobre a vida de um adolescente que vive um marevolto de transformações, sentimentos e incertezas como muitos adolescentes vivem.