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CCJF faz retrospectiva de Sérgio Tréfaut a partir de 11 de setembro

Lucas Furtado

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Nascido em São Paulo, filho de pai português e de mãe francesa, o cineasta Sérgio Tréfaut tem uma obra marcante contando com ficções e documentários. Radicado na Europa desde 1975, quando seu irmão foi preso e torturado pela ditadura, ele apresenta agora no país a retrospectiva completa de seu trabalho. Regresso ao Brasil acontece no Centro Cultural da Justiça Federal, no Rio de Janeiro, entre 11 de setembro e 11 de outubro com sessões às 17h30 e 19h às quartas e na última semana também na sexta.

A mostra é gratuita e conta com 11 sessões que serão apresentadas pelo diretor, seguidas de debates com grandes nomes do cinema nacional. Já estão confirmados Lucia Murat, Helena Solberg, Sandra Kogut, Amir Labaki, Beth Formaggini, Karen Harley e Edgar Moura.

Os filmes exibidos são multipremiados como Outro País (1999), documentário de estreia sobre a Revolução dos Cravos (atualmente exibido por todo o mundo por comemoração do cinquentenário da revolução), Fleurette (2002), perturbador testemunho sobre relações familiares, Lisboetas (2004), retrato incontornável dos imigrantes em Portugal neste milênio, até seu mais recente A Noiva (2022), retrato misterioso das noivas do Estado Islâmico, cuja estreia mundial foi no Festival de Veneza.

Sem passar por escolas de cinema, Tréfaut formou-se em filosofia na Sorbonne e começou a carreira como jornalista em Lisboa, antes de se afirmar como produtor e diretor a partir da década de 90. Praticamente todos os seus filmes (documentários e ficções em várias línguas) são retratos coletivos, retratos de comunidades, retratos a várias vozes, que nos levam ao Egito, à Ucrânia, ao Iraque, aos campos de extermínio nazistas na Polônia, aos jardins do Palácio do Catete no Rio de Janeiro e, sobretudo, a Portugal.

Sua obra foi premiada em diversos festivais internacionais como Moscou, Biarritz (Fipadoc), São Francisco, Documenta Madrid, Gigón, Les Écran Documentaires, Indielisboa, Doclisboa, Sevilha, Uruguai, Perugia, etc.

Raiva, a sua ficção de maior sucesso, estreada no Brasil em 2019, ganhou o Globo de Ouro (Portugal) de melhor filme do ano e de melhor atriz. Também recebeu seis prêmios Sofia atribuídos pela Academia Portuguesa de Cinema: melhor filme, melhor ator, melhor atriz, melhor ator secundário, melhor fotografia, melhor roteiro adaptado.

Todos os seus filmes foram exibidos em festivais brasileiros, como a Mostra de São Paulo, o Festival do Rio, É Tudo Verdade, etc.

Serviço – Regresso ao Brasil

Centro Cultural da Justiça Federal (Av. Rio Branco, 241 – Centro, Rio de Janeiro)

De 11 de setembro a 11 de outubro

Mostra gratuita

Mais informações sobre o cineasta e os filmes, acesse: https://faux.pt/pt/

Programação

11/09

Outro País (1999, 70 min, documentário). Debate com Amir Labaki

Com: Sebastião Salgado, Glauber Rocha, Robert Kramer, Thomas Harlan, Pea Holmquist, Guy Le Querrec, Dominique Issermann

A Revolução Portuguesa (1974-75) vista por alguns dos maiores fotógrafos e cineastas internacionais que testemunharam o evento. Quais eram os seus sonhos e expectativas? O que ficou do sonho da revolução? Um documentário que revela arquivos históricos excepcionais.

Fleurette (2002, 80 min, documentário). Debate com Helena Solberg

Uma história de família invulgar. Será que conhecemos as pessoas que nos são próximas? Será que queremos conhecê-las? Sérgio tenta compreender o passado de sua mãe, Fleurette, de 79 anos. Apesar da sua resistência inicial, pouco a pouco, Fleurette vai revelando quase uma outra vida, onde o amor esteve intimamente relacionado com a política – da França ocupada e da Alemanha nazista até à ditadura brasileira e à Revolução dos Cravos.

18/09
Raiva
 (2017, 85 min, ficção). Debate com Karen Harley
Com Isabel Ruth, Leonor Silveira, Hugo Bentes, Diogo Dória, Catarina Wallenstein
Alentejo, 1950. Nos campos desertos do Sul de Portugal, marcados pelo vento, pela miséria e pela fome, a violência explode de repente: vários assassinatos a sangue frio sucedem-se numa única noite. Por quê? Raiva é um conto negro sobre o abuso e a revolta.

Treblinka (2016, 61 min, ficção, ensaio). Debate com Sandra Kogut
Com Kirill Kashlikov, Isabel Ruth
Filmado entre a Rússia, a Ucrânia e a Polônia. Um trem-fantasma a caminho dos campos de extermínio. As vozes dos sobreviventes relatam o que não é possível mostrar. “Houve um tempo em que sonhei que este passado de horror nunca mais voltaria. Estava enganada. O passado está sempre aqui. É como se ainda hoje todos os trens me levassem para Auschwitz, Dachau, Treblinka.”

25/09
Lisboetas
 (2004, 100 min, documentário). Debate com Consuelo Lins
Um documentário musical sobre a onda de imigração que mudou Portugal no virar do século. Falado em 14 idiomas, Lisboetas é uma janela aberta para novas realidades: modos de vida, mercados de trabalho, direitos, cultos religiosos, identidades da imigração. Uma viagem a uma Lisboa desconhecida. Este filme foi o primeiro documentário a estrear em salas de cinema em Portugal e esteve mais de três meses em cartaz.

Viagem a Portugal (2011, 75 min,  ficção). Debate com Edgar Moura
Com Maria de Medeiros, Isabel Ruth, Makena Diop, Rebeca Close
24 horas num aeroporto português. Entre todos os passageiros do seu avião, Maria, uma jovem ucraniana, é a única a ser detida pela polícia. A situação transforma-se num pesadelo quando a polícia percebe que o homem que a espera é senegalês. Imigração ilegal? Tráfico humano? Tudo é possível. Inspirado em um caso real, Viagem a Portugal é um retrato kafkiano da experiência da imigração.

02/10
A Cidade
dos Mortos (2009, 62 min, documentário). Debate com Beth Formaggini
A Cidade dos Mortos, no Cairo, é a maior necrópole do mundo. Um milhão de pessoas vivem dentro dos cemitérios, onde há de tudo: padarias, cafés, escolas, teatros de fantoche. A Cidade dos Mortos é gigante mas funciona como uma pequena aldeia, onde as mães procuram o melhor partido para as suas filhas, os rapazes correm atrás das garotas e os vizinhos brigam todos os dias.

Waiting for Paradise (2009, 14 min, curta-metragem). 
Todas as semanas celebram-se casamentos na Cidade dos Mortos. São festas que duram vários dias, sempre dentro do cemitério. Começam de manhã, no momento em que se prepara o colchão dos noivos. Dias mais tarde o processo culmina numa festa com músicos, regada a álcool, haxixe e dinheiro voando entre os túmulos. Exibido na mesma sessão que A Cidade dos Mortos.

Alentejo, Alentejo (2013, 98 min, documentário). Debate com Quito Pedrosa 
Com Grupos Corais do Alentejo
Este filme contribuiu para que o Cante Alentejano fosse declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO. No Sul de Portugal, dezenas de grupos corais amadores reúnem-se para entoar antigos cantos polifônicos. Nascido nas tabernas e nos campos, o Cante transmitiu-se ao longo de várias gerações. Alentejo, Alentejo é uma viagem musical e apaixonada pelos seus intérpretes.

09/10
Paraíso
 (2021, 85 min, documentário). Debate com Ana Rieper
Um grupo de cantores amadores reúne-se todos os dias nos jardins do Palácio do Catete, antiga sede da Presidência do Brasil. Ao cair da tarde, homens e mulheres quase centenários revelam o sentido da vida através de antigas canções de amor. As filmagens deste documentário foram subitamente interrompidas pela pandemia e o filme se transformou numa homenagem a uma geração dizimada.

Alcibiades (1992, 26 min, curta-metragem) + novos projetos. Debate com Marcelo Gomes
Com Maria de Medeiros, Pedro Fradique e a voz de Luís Miguel Cintra
Fábula musical inspirada no Banquete de Platão. Num monólogo sem pudor, o jovem aristocrata Alcibíades confessa as suas estratégias para conquistar o filósofo Sócrates – certo de que o saber pode ser transmitido por contato físico.

11/10
A Noiva (2022, 81 min, ficção). Debate com Lucia Murat

Com Joana Bernardo, Hugo Bentes, Lola Dueñas 

Uma adolescente europeia foge de casa para casar com um guerrilheiro do Daesh. Torna-se uma noiva da Jihad. Três anos mais tarde a sua vida mudou dramaticamente. Vive num campo de prisioneiros no Iraque. É mãe de dois filhos e está grávida outra vez. Mas agora é uma viúva de 20 anos e será brevemente julgada pelos tribunais iraquianos. Quem é esta adolescente, após três anos de guerra e de lavagem cerebral?

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