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Com longas, debates e curso, Mostra Mestras do Macabro acontece no CCBB Rio a partir desta sexta (07)

Lucas Furtado

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Por muitas décadas, o cinema de horror foi considerado restrito aos homens, mas hoje sabemos que as mulheres têm uma relação profunda com o gênero. As produções dirigidas por elas, na sua grande maioria, não receberam o merecido destaque e são pouco conhecidas no Brasil. A mostra Mestras do Macabro – as cineastas do horror ao redor do mundo, que tem curadoria da pesquisadora, curadora e crítica de cinema Beatriz Saldanha, vem cobrir esta lacuna apresentando 28 longas-metragens de diversos estilos, produzidos em vários países, no mês dedicado às mulheres. Além dos filmes, o Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro também receberá debates e um curso sobre o tema, de 7 de março a 14 de abril de 2025. A entrada é franca para todas as atividades. Os ingressos estarão disponíveis a partir das 9h, de cada dia da mostra, no site e na bilheteria do CCBB.

A mostra oferece um panorama inédito de diretoras com perfis muito diferentes que realizaram filmes em contextos particulares. Serão exibidos desde produções de pioneiras, que atuaram no cinema comercial dos anos 1970 e 1980, até títulos mais recentes, incluindo filmes de diretoras brasileiras, que dialogam diretamente com o público de hoje. O filme de abertura será o clássico Quando Chega a Escuridão (Near Dark, 1987), de Kathryn Bigelow, uma das cineastas mais importantes em atividade. 

“Considero muito importante lançar luz na filmografia de horror dirigida por mulheres porque, se por tantos anos ela foi ignorada, hoje felizmente vivenciamos um período propício para colocar estes filmes em evidência e destacar o trabalho de mulheres pioneiras, que fizeram filmes com orçamentos irrisórios e que muitas vezes precisaram encontrar soluções artesanais para contornar baixos orçamentos e conseguiram se expressar em um meio dominado por homens. A beleza dessa mostra está na pluralidade das propostas cinematográficas, que vão desde o gore de baixíssimo orçamento a obras prestigiadas em grandes festivais, o que mostra a vastidão das possibilidades do horror”, comenta a curadora Beatriz Saldanha.

Entre as pioneiras do gênero de horror, a mostra destaca as cineastas americanas Stephanie Rothman, Amy Jones e Jackie Kong. Em O Doce Vampiro (The Velvet Vampire, 1971), Rothman incorpora ao filme uma influência do cinema surrealista que o torna especialmente bonito. O Massacre (The Slumber Party Massacre, 1982), dirigido por Amy Jones, é o primeiro filme da única saga que foi concebida como “feminina” nos slashers, um dos subgêneros mais populares do horror. E Um Jantar Sangrento (Blood Diner, 1987), de Jackie Kong, é uma obra bem particular que lembra os filmes da celebrada produtora Troma.

As cineastas dos “novos clássicos” do horror,  que marcam o início de uma nova geração de diretoras deste gênero, estão representadas pelos filmes Psicopata Americano (American Psycho, 2000), de Mary Harron, Garota Infernal (Jennifer’s Body, 2009), de Karyn Kusama,  Grave (2016), de Julia Ducournau, e O Babadook (The Babadook, 2014), de Jennifer Kent.

Estarão presentes na mostra também filmes mais intimistas de grandes autoras, como O Chalé do Lobo(Vlčí Bouda, 1987), da checa Vera Chytlová, Desejo e Obsessão(Trouble Every Day, 2001), da francesa Claire Denis, e o pouco conhecido A Jaula de Mafu(The Mafu Cage, 1978), da americana Karen Arthur, que traz uma das atuações mais impressionantes de Carol Kane.

Mestras do Macabro – as cineastas do horror ao redor do mundo será ainda uma ótima oportunidade para assistir filmes que, apesar de serem cultuados fora do Brasil, seguem inéditos nos cinemas daqui, como O Pesadelo de Celia (Celia, 1989), de Ann Turner, e Segredos Evidentes (Youling Renjian, 2001), de Ann Hui, duas cineastas brilhantes; além  de títulos que estrearam diretamente no streaming e poderão, pela primeira vez, ser vistos em uma sala de cinema, como o excelente Santa Maud (2020), de Rose Glass, diretora de Loves Lies Bleeding: O Amor Sangra, lançado no ano passado.

A produção nacional estará presente com alguns dos melhores filmes brasileiros do gênero de horror lançados nos últimos anos – Medusa (2023), de Anita Rocha da Silveira, Sinfonia da Necrópole (2016), de Juliana Rojas, Sem Seu Sangue (2020), de Alice Furtado, A Sombra do Pai (2019), de Gabriela Amaral Almeida e Terminal Praia Grande (2019), de Mavi Simão.

A mostra terá um catálogo com textos de 35 autoras, entre críticas brasileiras e pesquisadoras estrangeiras convidadas. Pela primeira vez, um livro exclusivo sobre esse tema será publicado no Brasil. A distribuição será gratuita. A publicação estará disponível também para download no site do CCBB.

Mestras do Macabro – as cineastas do horror ao redor do mundo será realizada em todas as unidades do Centro Cultural Banco do Brasil, com patrocínio do Banco do Brasil.Além do Rio de Janeiro, a mostra também será apresentada no CCBB Belo Horizonte (12 a 24 de março), CCBB São Paulo (20 de março a 20 de abril) e CCBB Brasília (14 de outubro a 2 de novembro).

Atividades extras

A cineasta Gabriela Amaral Almeida fará, no dia 15 de março (sábado), às 15h, uma sessão comentada do grande clássico Cemitério Maldito (Pet Sematary, 1989), de Mary Lambert. Ele é, até hoje, o maior filme de horror dirigido por uma mulher em termos de sucesso comercial, além de ser uma obra marcante sobre a família e o luto. A sessão será inclusiva (terá legenda descritiva) e, o debate, tradução em Libras.

A mostra também promove um curso gratuito sobre as cineastas do horror, ministrado pela curadora Beatriz Saldanha, de 19 a 21 de março (quarta a sexta), às 17h30, com carga horária de 6h (duas horas por dia), no Cinema 2.  Os ingressos para o curso estarão disponíveis a partir das 9h, de cada dia, no site e na bilheteria do CCBB. A proposta do curso é lançar um olhar para a filmografia de horror realizada por mulheres através de um panorama histórico e internacional. A ideia é mostrar como o horror feito por mulheres se transformou de acordo com os avanços femininos no cinema e na sociedade como um todo.

Serão realizados ainda dois debates. No dia 28 de março(sexta), Beatriz Saldanha e Bianca Mattos, uma das autoras do catálogo e curadora do Cineclube Grande Otelo, conversam com o público sobre filmes de horror dirigidos por mulheres negras, com destaque para A Lenda de Candyman (Candyman, 2021), de Nia DaCosta, que será exibido antes do debate, às 16h30. Uma das principais cineastas negras da atualidade, DaCosta colocou o racismo em pauta na refilmagem deste clássico dos anos 1990. E, no dia 7 de abril(segunda), o filme O Doce Vampiro é o foco do debate sobre as diretoras do exploitation de horror, com Raphaela Ximenes, crítica de cinema especializada em filmes de horror, e Beatriz Saldanha, após a sessão do filme, que começa às 16h30. Os dois debates terão tradução em Libras.

O longa-metragem Sem seu sangue terá duas sessões especiais – uma seguida de bate-papo com a diretora Alice Furtado, mediado por Beatriz Saldanha, no dia 6 de abril (domingo), às 14h; e, outra, com legenda descritiva e interpretação em Libras, no dia 13 de março (quinta), às 18h. Além deste filme, outras duas produções nacionais terão sessões inclusivas, com audiodescrição: Medusa, dia 29 de março (sábado), às 16h; e Sinfonia da Necrópole, dia 4 de abril (sexta), às 18h.

Serviço: Mestras do Macabro – As Cineastas do Horror ao Redor do Mundo 

De 7 de março a 14 de abril de 2025

Rua Primeiro de Março 66, Centro

Contato: tel (21) 3808-2020 | [email protected]

Sala de Cinema 1 (102 lugares, sendo 4 para cadeirantes) 

Entrada franca. Ingressos disponibilizados às 9h do dia da sessão na bilheteria física ou em bb.com.br/cultura

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