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IC Play recebe produções de festivais de cinema nacionais durante o mês de junho

Lucas Furtado

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A partir de 12 de junho, mês em que completa quatro anos, a plataforma de streaming gratuita de cinema brasileiro Itaú Cultural Play recebe uma ampla programação de festivais de diferentes regiões do país. Com janelas de exibição que ultrapassam a agenda presencial das mostras, a IC Play procura democratizar o acesso e permitir que espectadores de todo o Brasil assistam aos filmes.

De 12 a 26 de junho, o seu catálogo oferece sete filmes do 17º In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, evento tradicional que, desde 2009, exibe o que há de melhor do gênero no Brasil e no exterior. A edição deste ano acontece presencialmente entre 11 e 22 deste mês em São Paulo.

Entre 13 de junho e 2 de julho, a plataforma disponibiliza, pela primeira vez, filmes da 8ª Parada de Cinema – Mostra de Cinema Brasileiro Contemporâneo, um dos principais espaços de celebração, formação e resistência audiovisual no Piauí. A mostra acontece presencialmente entre 13 e 15 de junho em Teresina, capital do estado.

Durante um mês, de 16 de junho a 16 de julho, o público da Itaú Cultural Play pode assistir a produções de outra mostra celebrada do calendário cultural do Brasil, o Cine PE – Festival do Audiovisual. Serão sete curtas-metragens cuidadosamente escolhidos da 29ª edição do festival, que ocupará salas de cinema de Recife entre 9 e 15 de junho.

Ainda, a partir de 20 e de 27 de junho, respectivamente, a plataforma disponibiliza curadorias do 14º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba e da 20ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto.

Sonoridades do Brasil

Os sete filmes do 17º In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, que a Itaú Cultural Play exibe, são longas e médias-metragens que passeiam por ritmos e manifestações culturais de estados como São Paulo, Pernambuco e Rondônia. As produções integram quatro mostras do Panorama Nacional: Competição NacionalMostra BrasilBrasil.Doc e Curta um Som.

Em Ave Sangria, a banda que não acabou (Pernambuco, 2025), os diretores João Cintra e Mônica Lapa nos levam a uma viagem no tempo para reencontrar a banda pernambucana, uma das grandes forças da psicodelia nordestina dos anos 1970. O documentário acompanha Marco Polo e Almir de Oliveira, os dois únicos membros vivos do grupo, enquanto eles percorrem as estradas do estado a bordo da rural, conhecido veículo do produtor Roger de Renor. Há mais de 15 anos, o carro de modelo Jeep Rural Willys 69 leva apresentações musicais pelo interior pernambucano através do projeto Som na Rural.

No documentário, Marco e Almir compartilham as memórias e desafios de sua trajetória, incluindo a censura, pela ditadura militar, a uma de suas canções mais conhecidas, Seu Waldir, que foi composta a pedido da atriz Marília Pêra (1943-2015).

Aldo Bueno: o eterno amanhecer (São Paulo, 2024), dirigido por Adriano De Luca, mergulha na vida e obra do cantor, intérprete e ator que dá nome ao filme, nascido no bairro do Bixiga, na capital paulista. O filme explora a relevância dessa figura singular para a cultura brasileira, desde seu início promissor sob a tutela do compositor Geraldo Filme (1927-1995) até suas marcantes contribuições no teatro, cinema e, claro, no vibrante cenário do samba paulistano, incluindo sua participação no lendário desfile de 1982 da Vai-Vai e o reconhecimento com o Kikito de Ouro em Gramado.

A cultura pernambucana também é o mote do longa-metragem O ano em que o frevo não foi pra rua (Pernambuco, 2024), da dupla Bruno Mazzoco e Mariana Soares. O filme retrata as ruas silenciosas de Recife e Olinda em 2021, quando o Carnaval foi suspenso devido à pandemia de Covid-19, e explora os sentimentos de melancolia e resiliência de figuras emblemáticas da folia, como Fernando Zacarias, porta-estandarte do bloco Galo da Madrugada, e o maestro Spok, grande músico do frevo. 

Longe dos grandes centros urbanos, Concerto de quintal (Rondônia, 2025), de Juraci Junior, revela a surpreendente e rica diversidade musical de Porto Velho, capital de Rondônia. A partir do vasto acervo de fitas K7 de Silvinho Santos, um artista local, o documentário nos imerge em um universo de referências, estilos e gêneros que atravessaram diferentes gerações da música produzida na cidade, apresentando gravações inéditas de ícones locais como Jorge Andrade, Torrado e Manelão.

Inspirado pelo movimento manguebeat, Regional beat: uma antena parabólica fincada na terra vermelha (São Paulo, 2024), do músico independente Matuto S.A., explora a pesquisa musical empreendida pelo próprio Matuto S.A., que busca uma fusão inovadora entre a música caipira e o hip hop. O documentário, que registra esse trabalho em três atos e conta com depoimentos de nomes como DJ Kl Jay, Criolo e Gaspar Zafrica Brasil, demonstra como essa estética vai além da música, influenciando também a moda, o comportamento e até a filosofia.

Discoterra (Rio de Janeiro e Bahia, 2025), curta-metragem de Gustavo Aquino dos Reis, Daniel Wierman e Arnaldo Robles, faz uma imersão fascinante no universo dos colecionadores, pesquisadores e vendedores de vinis, CDs e fitas K7 em cidades do interior da Bahia. A obra propõe um olhar íntimo sobre a identidade sociocultural baiana, revelando as micro-histórias que permeiam o cotidiano desses personagens conectados ao rico universo musical-fonográfico do estado.

Por fim, Vamembolá (São Paulo, 2024) se inspira no livro O turista aprendiz (1929), de Mário de Andrade (1893-1945), especificamente no encontro do escritor com o embolador de coco Chico Antônio, no Rio Grande do Norte. Através de imagens de arquivo, o filme nos apresenta o próprio Chico Antônio narrando esse encontro histórico e nos convida a ouvir remixes de suas emboladas, unindo passado e presente em uma homenagem à tradição do músico. A direção é de Lucila Meirelles e Cid Campos.

Panorama piauiense

A partir de 13 de junho, a Parada de Cinema – Mostra de Cinema Brasileiro Contemporâneo estreia no catálogo da Itaú Cultural Play. Com o tema Cinema, memórias e batalhas, a 8ª edição do festival realizado no Piauí propõe reflexões sobre as potências políticas da imagem, os apagamentos históricos e as estratégias de sobrevivência e reinvenção presentes nos corpos, nos filmes e nos afetos. A IC Play exibe uma curadoria de seis filmes piauienses, que inclui documentários, ficções e um longa-metragem biográfico.

Em Tabajara (2025), documentário de Oliveira Júnior, Milena Rocha e Weslley Oliveira, o cinema se torna uma ferramenta de denúncia. A narrativa nos leva ao território homônimo, no Piauí, onde líderes indígenas se unem para invocar as forças dos Encantados, buscando proteção contra a exploração clandestina de uma grande mineradora que ameaça suas terras.

O documentário Folha virada (2024), por sua vez, dirigido por Roberval Borges, mergulha no dia a dia de Pai Marcos Luciano de Oxalá e Madrinha Catingueira, importantes lideranças umbandistas LGBTQIAPN+ no Piauí. Trazendo suas vivências dentro e fora dos terreiros, o enredo explora as relações entre gênero, sexualidade e religiosidade. O título do curta-metragem faz referência ao termo “virar a folha”, que denomina a troca de orientação sexual e de identidade de gênero que acontece em alguns rituais de religiões afro-brasileiras.

O drama familiar Não me deixe esquecer (Piauí, 2025), de André Luís Moreira, retrata as dificuldades emocionais enfrentadas por Lúcia ao cuidar de sua mãe, Rosa, que vive com Alzheimer. O curta-metragem acompanha a dinâmica de altos e baixos dessa relação entre mãe e filha, revelando momentos de redescoberta do amor em meio aos desafios impostos pela doença.

No drama Geórgia (2025), o diretor Monteiro Junior oferece um intrigante experimento narrativo. A produção acompanha um ator atormentado que se entrega a um ritual solitário, buscando exorcizar um personagem cujas falas ele simplesmente não consegue memorizar. A obra propõe uma profunda reflexão sobre a ruminação emocional e os tênues limites que separam o ator, sua performance e o próprio personagem.

Outra produção que foca no protagonismo dos povos originários, Parnahyba indígena (2024) evidencia a rica herança cultural e a profunda influência das populações indígenas na história e memória da região do Delta do Parnaíba, no Piauí. O documentário destaca a beleza natural do local e sua vasta biodiversidade, tomando como ponto de partida a figura de Mandu Ladino. Ele foi um indígena que, no século XVIII, conseguiu unir diversos povos originários no combate aos escravistas. A direção é de Chico Rasta.

Encerrando a curadoria, o longa-metragem biográfico A cigana (2025) nos apresenta o compositor e intérprete piauiense Benício Bem. No filme, o diretor Thiago Furtado retrata a jornada desse artista, que possui uma profunda conexão com a cultura cigana e a cultura popular nordestina. Acompanhamos sua “viagem cósmica” em busca de reconhecimento, abordando questões que vão desde a identidade de gênero até o estigma frequentemente associado ao “artista local”.

Novas fronteiras

Último festival da sequência, o celebrado Cine PE – Festival do Audiovisual traz à plataforma sete curtas-metragens da competição nacional de sua 29ª edição. A seleção conta com ficções, uma animação e um documentário, que, vindos de seis estados, representam um recorte do audiovisual brasileiro contemporâneo.

O drama amapaense Tu oro (2024), dirigido por Rodrigo Aquiles, transporta o espectador para o Amapá do século XIX, um território em disputa entre Brasil e França. Lá, o garimpeiro Joaquim é forçado por um explorador francês a revelar a localização de uma valiosa mina de ouro. Preso e sob ameaça, Joaquim precisa usar toda a sua inteligência e conhecimento da densa floresta para escapar de seu captor.

Em A caverna (Paraná, 2024), por sua vez, a cineasta Louise Fiedler explora as complexas dinâmicas familiares. Quando uma filha decide sair da casa que compartilha com a mãe, diferentes perspectivas de mundo colidem. Entre o amor e o cuidado excessivo, a relação se transforma em uma espécie de prisão, uma “caverna” da qual mãe e filha precisarão encontrar uma saída, mesmo que não seja fácil.

Casulo (São Paulo, 2024), de Aline Flores, também retrata um drama pessoal. Ao saber que uma assistente social a visitará em breve, Joana se vê impelida a reorganizar sua rotina e provar que é capaz de cuidar adequadamente de seu filho.

Por sua vez, Depois do fim (São Paulo, 2024), dirigido por Pedro Maciel, aborda o reencontro de um ex-casal. Anos após o término de seu relacionamento, Ana e Théo se veem novamente por acaso, e ela oferece uma carona. Durante o trajeto, eles preenchem o silêncio com conversas sobre o passado e os caminhos que suas vidas poderiam ter tomado.

Representante potiguar da seleção, Liberdade sem conduta (Rio Grande do Norte, 2024) narra a história de Amanda, uma mulher que, apesar de ter sido aprisionada, encontra sua própria liberdade. A violência de alguém que não aceitava seu “não” a levou ao cárcere, e a trama revela como promessas, ameaças e o silêncio resultaram em um alto preço. A direção é de Dênia Cruz.

Kabuki (São Paulo, 2024), que foi selecionado pelo Rumos Itaú Cultural, um dos maiores editais privados do Brasil, é a animação da curadoria. Dirigido por Tiago Minamisawa, o filme acompanha o personagem-título, que vive triste por ter nascido em um corpo no qual não se reconhece. A partir da técnica do stop motion, com bonecos detalhados feitos a mão, a produção apresenta a história de uma pessoa trans em uma abordagem sensível e poética. Por esses feitos, Kabuki ganhou o Prêmio Especial do Júri do 34º Festival Curta Cinema, realizado no Rio de Janeiro em maio deste ano.

Encerra a curadoria o curta-metragem Cavalo marinho (Pernambuco e Ceará, 2024). Uma das primeiras artistas trans a alcançar sucesso no Brasil, a cantora, atriz e performer Divina Valéria é protagonista do drama do diretor pernambucano Leo Tabosa. O filme acompanha a visita de um homem, vivido por Tuca Andrada, a sua mãe, Francisca, personagem de Valéria, em São Paulo. Francisca teme que a verdade sobre seu passado seja revelada ao filho.

Serviço
Curadoria do 17º In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical

12 a 26 de junho na Itaú Cultural Play

Curadoria da 8ª Parada de Cinema – Mostra de Cinema Brasileiro Contemporâneo

13 de junho a 2 de julho na Itaú Cultural Play

Curadoria do 29º Cine PE – Festival do Audiovisual

16 de junho a 16 de julho na Itaú Cultural Play

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