O filme de Caíto Ortiz trata com bom humor um tema sério, o roubo da Taça Jules Rimet da Copa do Mundo de 1970, fato ocorrido em 1983. Um mistério não solucionado até hoje.  Ortiz conseguiu como resultado final um ótimo filme. As escolhas acertadas começam com um bom roteiro escrito pelo diretor Caíto Ortiz e por Lusa Silvesttre. O roteiro tem uma ótima narrativa onde o público embarca na história do começo ao fim com bons diálogos. Quando diretor e roteirista são a mesma pessoa, sempre ajuda no bom desenvolvimento do trabalho que rende muito mais quando o filme é bem definido na cabeça do contador de história.

O elenco tem interpretação forte, coesa e é visível a preocupação do diretor em tirar o melhor de cada ator em cena e dar credibilidade a história. Os Destaques ficam para Paulo Tiefenthaler e Taís Araújo. Enquanto ele dá vida ao atrapalhado corretor de seguros que tem a ideia de roubar a réplica da Taça Jules Rimet em uma sucessão de equívocos digna de uma boa comédia de erros, ela mostra uma Dolores forte, sedutora, esperta que tem noção do seu poder de sedução para conseguir o que quer. A dupla consegue atrair a atenção de quem gosta de assistir boas atuações. Um ponto positivo é a forma como os personagens são apresentados, o tom de veracidade dos seus personagens  como são no dia a dia com suas qualidades e defeitos sem desenhá-los como o lado do bem e lado do mal. Outros atores estão muito bem também e arrancam risos do público e todos os atores tiveram oportunidade de deixar seu recado.

Tecnicamente o filme é bem feito e tem um trabalho coeso entre os setores. A começar pela montagem que é um dos pontos fortes. O bom ritmo do filme se deve a visão do diretor e a montagem de Marcelo Junqueira e Federico Brioni. A direção de Arte de Fábio Goldfab é meticulosa e nos levou de volta até 1983 com seus objetos de cena e cenários bem feitos. A fotografia de Ralph Strelow valoriza o clima do filme. Para o embarque ser completo nada como uma boa trilha sonora, que no filme ficou a cargo de Instituto, Duani e Thiago França. O figurino desenvolvido por David Parizoti ajudou muito na elaboração do trabalho dos atores. O figurino de cada ator diz muito sobre cada personagem.

De uma coisa é certa, “O Roubo da Taça” tem sua conotação real em cima da história e se permite algumas especulações proporcionando um ótimo final. Apesar da opção em dar um tom cômico ao filme, ele tem uma seriedade que deve ser levada em conta para pensar sobre algumas questões. O filme ganhou quatro kikitos no Festival de Gramado: Ator: Paulo Tiefenthaler, Melhor Roteiro: Lucas Silvestre e Caíto Ortiz, Melhor Fotografia: Ralph Strelow e Melhor Direção de Arte: Fábio Goldfarb. Prêmios merecidos pelos belos trabalhos executados dos premiados. Vale a pena conferir.

 

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