Em um momento de tantas questões que envolvam as minorias, o renomado diretor Spike Lee nos presenteia com uma história tão surreal que, por vezes, ela não parece verdadeira. Mas inacreditavelmente, ela é mais real do que imaginamos.

“Infiltrado na Klan” (“Blackkklansman” no original) conta a história de Ron Stallworth (John David Washigton), policial negro que consegue se infiltrar na Ku Klux Klan através de telefonemas e cartas. Só que, na hora de aparecer fisicamente, ele delega essa missão ao policial Flip Zimmermann (Adam Driver) que, por sinal, é judeu. Depois de um certo tempo, Ron consegue ser o líder da famosa seita e com isso consegue desbaratar vários atentados e linchamentos contra a classe odiada pela KKK.

Por mais que a sinopse seja um tanto dramática, o longa é enquadrado no gênero comédia. Isso por conta das tiradas geniais de Ron nas conversas telefônicas com os integrantes da seita, particularmente o líder, David Duke (Topher Grace), cuja sequência é uma das mais engraçadas no decorrer da história.

Dirigido e produzido por Spike Lee com a ajuda de Jordan Peele (Corra!), o filme se vale do ótimo roteiro e da interpretação inspirada de seu elenco, particularmente o protagonista, John David Washington. Ele encara com bom humor o clima de tensão que perdura até os dias de hoje, mesmo que não seja como um seita tal qual é a KKK. Outro que se destaca é o intérprete de Flip Zimmerman, Adam Driver, que faz com que acreditemos que ele seja membro da organização carregado de tanto ódio inclusive pelos seus. Além deles, Topher Grace foi uma escolha um tanto interessante para interpretar David Duke, pois seu semblante contrapõe com a imagem sórdida do verdadeiro.

Spike Lee, após anos de ostracismo, volta com força total e aborda um tema que, na verdade, nunca teve fim. Sua crítica social contundente fica clara quando ele mostra através de vídeos originais dos conflitos raciais em Charleston, Virgínia. As más línguas dizem que o único erro do filme foi justamente a divulgação dessas imagens tão fortes, mostrando o confronto entre negros e brancos. Mas não poderia ter sido mais contextualizado. Não à toa, foi premiado pelo júri no Festival de Cannes do corrente ano e com a certeza de várias indicações ao Oscar 2019. Fica a torcida para celebrar esse trabalho espetacular. A inclusão tem que se fazer presente. Assistam e aplaudam de pé, pois será merecido.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui