O filme de James Grey é um drama com pano de fundo o espaço. Esse longa de 124 minutos trabalha a metáforas e questionamentos dos dilemas humanos. Ele tem camadas para serem descobertas e entendidas. Não é um filme clássico do gênero e não tem cenas em ritmo de aventura e ação. É tudo mais contemplativo. Vemos ao longo do filme algumas referências de filmes do gênero que se você tiver visto alguns deles, vai entender melhor as mensagens que o diretor quer transmitir. Como Ad Astra é um filme de absorção lenta, sugiro assistir e pensar sem pressa nessa experiência.

 

O roteiro é trabalhado em parceria pelo diretor James Grey e o roteirista Etham Cross, da série “Fringe”. Ambientado em um futuro próximo a história fala Roy McBride interpretado por Brad Pitt que se tornou astronauta por causa do pai H. Clifford McBride interpretado por Tommy Lee Jones. Ele é convocado para uma missão espacial para saber o que aconteceu com seu pai no espaço e corrigir um dano que pode acabar com a vida na Terra. Nessa jornada vemos os dilemas internos de Roy como sua relação distante com sua mulher e sua falta laços com outras pessoas. Ele nunca superou a ausência do pai que foi para o espaço quando ele ainda tinha 16 anos. O roteiro faça a opção de levar essa história mais longe do que os planetas próximos de costume.    Ao encaixar um dilema familiar e profissional no ambiente espacial, Grey mostra que existem várias formas de contar uma história e usar todos os elementos de cena para transmitir as muitas mensagens que tinha intenção de passar adiante.

Ad Astra mostra um personagem que tem um tipo de autismo e uma vivência com ele mesmo. Uma obstinação em cumprir uma meta. Em contra ponto mostra um pai problemático, obstinado, individualista que não tem vínculos emocionais. Os complexos personagens ganharam vida através de dois grandes atores, Brad Pitt e Tommy Lee Jones. Brad Pitt tem uma de suas melhores interpretações trabalhando no mundo interior de Roy e na narração da história que nos está sendo contada.

Tommy Lee Jones é um dos protagonistas da franquia “MIB” onde ele é um agente que controla a ordem de alienígenas na Terra. Aqui ele tenta provar que existe vida fora da Terra. Essa obstinação do personagem proporciona o ator trabalhar com a dificuldade de se relacionar com outras pessoas.

Ruth Negga e Donald Sutherland capricharam em suas individualidades e mostraram a força de seus personagens.

A trilha sonora de Max Richter complementa a história nos transportando para o clima solitário e denso da trajetória da busca do filho pelo pai e do astronauta para a salvação de sua espécie. O buraco negro que existe entre Roy e Eve reflete o quanto o problema não resolvido com o pai pode ter consequências em vários setores da vida de uma pessoa.

A fotografia do suíço Hoyte Van Hoytema, o mesmo de “Dunkirk”, “O Espião que Sabia Demais”, “007 Contra Spectre”, trabalha como mais um elemento para transmitir mensagens, além de uma estética elegante.

A edição da dupla John Axelrad e Lee Haugen completa o conjunto dessa obra e imprime um ritmo que nos dá a sensação de estar no espaço.

No fim, Ad Astra é um filme reflexivo que leva um tempo para absorver as muitas informações e questionamentos feitos por James Grey.

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