O longa “Aves de Rapina: Alerquina e Sua Emancipação Fantabulosa” é o oitavo filme do Universo cinematográfico da DC é dirigido pela a Chinesa-Americana Cathy Yan. Ela é a segunda diretora a dirigir um filme da DC e a primeira asiática dirigindo um filme sobre superheróis nos Estados Unidos. Cathy Yan mostrou que veio para ficar levando para as telas de cinema um filme divertido que transmite bem sua mensagem de forma natural.

Alerquina, ou Harley Quinn é um personagem que foi criado por Paul Dani e Bruce Timm para a série animada e no ano seguinte foi para os quadrinhos. A namorada do vilão Coringa tem uma personalidade excêntrica e é tão doida ou mais que seu “pudinzinho”. Sua primeira aparição cinematográfica foi no filme “Esquadrão Suicida” de David Ayer. O filme não tanto agradou aos fãs e a crítica, mas uma coisa foi sucesso unânime no filme, A Harley Quinn de Margot Robbie. O sucesso da personagem foi tanto que não importava mais o filme e sim a personagem. A fantasia de Harley foi a mais usada no planeta no carnaval e Halloween entre mulheres de todas as idades, raças, culturas diferentes. O carisma da personagem e da atriz foi o que fez o estúdio apostar em um filme solo. Mas como fazer um filme solo da Harley para fazê-la brilhar com o Coringa tendo muita influência sobre ela? A solução é simples, eles rompem o relacionamento e ela então pode brilhar em todo seu potencial. Nos quadrinhos eles rompem várias vezes.

Para escrever o roteiro foi convocada  Christina Hodson, roteirista de filmes como “Bumblebee” e “Refém do Medo” e “Paixão Obsessiva”. Hodson soube como fazê-la brilhar de um jeito diferente. Ela sempre teve a sua volta um universo muito masculino e agora ela teve a oportunidade de conhecer um pouco do universo feminino com as Aves de Rapina.

O roteiro encontrou um caminho eficiente para aproximar o público da história. É a Harley Quinn quem nos conta sua história. E isso acontece de forma realista como se ela realmente estivesse batendo papo com o público. Ela começa a contar e lembra de detalhes que ela esqueceu e  volta para contar os detalhes esquecidos. Da mesma forma que contamos uma história informalmente para amigos e familiares.

O filme é bem dosado no humor, drama e tensão. As personagens centrais além da Harley Quinn são: A Caçadora vivida por Mary Elizabeth Winstead (“Projeto Gemini” / “Scott Pilgrim Contra Mundo”), a Canário Negro que aqui é vivida por Jurnee Smollett-Bell, a policial Renee Montoya vivida por Rosie Perez e a novata Ella Jay Basco de 13 anos que interpreta Cassandra Cain, uma garota que vive em lar de acolhimento desestruturado e rouba o tempo todo. Ela é o estopim para a trama toda acontecer. a jovem atriz Ella Jay Basco faz sua estreia no cinema e é nascida em Los Angeles e filha de mãe coreana e pai filipino. Com isso as cinco integrantes do grupo tem etnias diferentes.  Apesar de ter uma lógica interessante, a escolha de Jurnee Smollett-Bell causou um onda reclamações, já que a Canário Negra é Loura. Mesmo assim a atriz está muito bem no personagem. Rosie Perez representante latina do grupo também está bem e representa a personagem que é eficiente no trabalho e quem leva os louros de suas conquistas é um homem com pouca capacidade de exercer a função.

Christina Hodson construiu cada personagem de forma gradativa e para enfrentar o grupo é preciso um vilão à altura. Ela trouxe dos quadrinhos o Máscara Negra, ou simplesmente Roman Sionis que foi muito bem interpretado por Ewan McGregor. O personagem tinha algumas camadas que nos permite ter mais leituras sobre a Gotham City caótica. Ele é um dos três líderes do crime em Gotham, dividindo a cena com Coringa e a Família Falcone. Como só o Máscara Negra tem vez nesse filme, ainda existem possibilidades para que Tanto Coringa, quanto os Falcones possam ser aproveitados em futuras continuações. Os diálogos são bem elaborados e muitos deles mandam mensagens para fazer pensar, assim como as cenas sem diálogo que depende das atrizes e atores transmitir todos os sentimentos com a expressão facial.

Cathy yan nos mostra uma estética colorida e gótica, que contou com a colaboração da direção de arte de Kasra Farahani com elementos e cenários mais elaborados. Prestem atenção nas armas usadas pela Harley Quinn quando ela invade a delegacia. Diz muito sobre ela.

A fotografia ajudou muito a iluminar o universo que normalmente é escuro e com isso, podemos apreciar mais os detalhes elaborados para o filme. Mathew Labatique (Homem de Ferro 2 / Nasce Uma Estrela / Cisne Negro) nos mostrou pela primeira vez uma Gotham durante o dia. Com essa luminosidade podemos ver que a cidade também vive além da noite e nem tudo é caótico e noturno em Gotham. Tudo isso sem perder sua essência original.

O figurino de Erin Benach é rico em informação e transmite bem a ideia dos quadrinhos. Outro ponto positivo foi a preservação das atrizes em relação ao corpo. Não usou o recurso de deixar as atrizes quase nuas como aconteceu com a Harley de “Esquadrão Suicida”. Desta vez, Erin caprichou nos figurinos e vestiu a protagonista com roupas que imprimem a personalidade desequilibrada, com toques de sensualidade ao invés de sexualizar. Os trajes do vilão mostra bem o temperamento com dualidade esquizofrênica.

A maquiagem e cabelo foi outro sucesso do filme. O time alcançou o objetivo em cada personagem e trabalhou bem a maquiagem de beleza quanto ferimentos e tatoos.

A montagem é interessante com idas e vindas de flashbacks e acontecimento em tempo real que a história está sendo contada. Sem a montagem bem elaborada, o filme teria ficado confuso e não funcionaria.  A dupla Jay Cassidy e Evan Schiff fizeram uma montagem ágil com bom ritmo e muito movimento entre cenas mais lentas e rápidas e a intercessão entre elas.

A cereja do bolo é a trilha sonora divertida que ambienta bem o público para cada momento do filme funcionando como uma bússola nessa jordana de 1h49m. Daniel Pemberton usou como base principal o Rock! Também tem toques de Pop e Hip Hop. Além disso ele repaginou algumas canções antigas como “Sway With Me” que ganhou uma versão moderna e divertida com a rapper Saweetie.   Assim como a canção original cantada pela Halsey “Experimente on Me” que mostra um pouco da identidade louca dos personagens. Mas a canção que se destaca é “It’s a Man’s Man’s Man’s World” cantada pela Canário Negro em sua primeira cena no filme.

Aves de Rapina: Alerquina e sua Emancipação Fantabulosa é o resultado de um filme que sabe que caminho trilhar. Só reforça a necessidade de deixar o diretor ou diretora fazer seu trabalho sem tanta interferência. Assim que a Warner experimentou deixar Patty Jenkins dirigir “Mulher Maravilha” que foi um dos maiores sucessos dos filmes da DC, viu que esse é o caminho certo seguir. Agora é a vez da Arlequina ganhar seu filme e uma diretora que entende a personagem e seu universo. A Chinesa-Americana Cathy Yan teve sua chance de mostrar seu potencial como cineasta. Yan é a segunda diretora a dirigir um filme do Universo cinematográfico da DC e a primeira diretora asiática a dirigir um filme de super herói em Hollywood.

Só podemos aplaudir quando isso acontece. Não tente agradar todo mundo, apenas foque em contar sua história. A chance de ter mais gente encantada pela história é muito grande. Mensagem o filme tem e manda muito bem seu recado.

Que venham mais filmes interessantes com cineastas criativos e que tenham boas histórias para nos contar.

 

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