História da ativista transexual Indianara Alves Siqueira que atua em defesa dos direitos transexuais. Os diretores do documentário são a francesa Aude Chevalier-Beaumel e o brasileiro Marcelo Barbosa, que acompanharam por dois anos a ativista Indianara atuante na Casa Nem e nos protestos políticos nas ruas do Rio de Janeiro. A Casa Nem que funciona atualmente de forma itinerante, até o início das filmagens permanecia em um lugar fixo no centro da cidade do Rio de Janeiro. A Casa desempenha um importante papel no acolhimento da população trans, e lgbti+ em situação de vulnerabilidade.

O longa metragem Indianara mostra que além dos longos cabelos loiros, a atuação pública e política nas ruas pode ser séria e debochada. O tom humorístico, e cenas da sua vida íntima são pontos que revelam uma vida além do cotidiano político. Entre tantas cenas relevantes para dimensionar o papel público e a intimidade da luta trans, as escolhas fluem para tons quentes sobre a temática.

Para além do tema, a transexualidade, o universo atravessa o espectador de forma simples, no seu melhor sentido, e delicada na luta diária. Deve-se destacar a luta da política de Marielle Franco que ganha enorme destaque dentro do documentário frente pautas comuns. A luta dividida entre as pautas políticas de Marielle Franco e Indianara aparecem com um constante diálogo. Dentro disso, e alguns outros aspectos controversos dentro do partido que ambas atuaram, os pensamentos éticos e filosóficos das duas discutem os direitos humanos. Marielle Franco foi brutalmente assassinada em 14 de março de 2018 no Rio de Janeiro, e até hoje não há uma resposta.

O filme concorrente à Queer Palm premiação dedicada a filmes com temática LGBT e o único filme brasileiro incluído na mostra ACID (Association du Cinema Independant pour sa diffusion) do Festival de Cannes. O objetivo dessa mostra é dar visibilidade a produções de distribuidoras independentes.

Os dois rottweilers, as habilidade com as finanças, a agilidade de mobilização, e principalmente a sensibilidade humorística e muitas vezes debochada sentimos as múltiplas camadas de Indianara. A presença de planos íntimos e reveladores em pequenos espaços completamente vivos são um mangue vivo no centro do Rio de Janeiro. Todos os elementos compõe o espaço de convivência entre o público e o privado da ativista de direitos humanos, e que precisa zelar por ela e por todos.

Assisti o filme no dia 10 de março, no espaço do Teatro Maison de France no Centro do Rio de Janeiro. Neste dia houve uma linda homenagem, aos dois anos, sem resposta, da morte de Marielle Franco. Dentre o debate com o diretor e a diretora, e Indianara, ocorreram também performances com as moradoras da Casa Nem, artistas e militantes.

O skatista e midiativista Ademar Lucas, que também esteve presente para assistir à avant premier, deixou registrado a sua admiração e coragem pelos trabalhos de Indianara. Além de elogiar a atuação constante da ativista nessa região da cidade, a dedicação em cuidar de uma casa que acolhe a população trans, lgbti+.

 

Indianara

Direção: Aude Chevalier-Beaumel e Marcelo Barbosa.

Roteiro:

Nacionalidade: Brasil

Idioma: Português

Assista o trailer

 

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