O estúdio Universal se associou à produtora Blumhouse para juntos se aventurarem em criar
uma nova trilogia da franquia “O Exorcista”. O primeiro filme dessa nova sequência é uma
continuação direta do original dirigido por William Friedkin em 1973, ignorando totalmente os
filmes e séries lançados posteriormente, que também eram continuações do original.
Esse novo primeiro capítulo – “O Exorcista: O Devoto” – se passa 50 anos depois dos
acontecimentos do filme original. Ele conta a história de duas amigas Angela (Lidya Jewett) e
Katherine (Olivia O´Neill) que somem por três dias e que retornam sem lembranças do que
aconteceu a elas nesse período. As moças acabam se revelando possuídas por um demônio e
seus pais recorrem à ajuda de diversas entidades religiosas para salvá-las.
Logo no início do filme, vemos os pais de Angela em uma viagem ao Haiti, no passado. A mãe,
que estava próxima de dar à luz, é levada por garotos locais para uma benzedeira, com o
argumento de que isso protegeria o espírito da criança que estava para nascer. Essa premissa
poderia ser interessante, porém ela é desperdiçada, já que esse acontecimento não é
retomado em momento algum da história. O público poderia ser levado a pensar que foi esse
ritual pré-nascimento que abriu caminho para a moça a ser possuída por um demônio anos
mais tarde, culpando a religião ritualística por isso (aparentemente era um ritual de vodu, mas
isso não fica claro). Porém essa premissa é descartada, bem como também são mal exploradas
todas as questões religiosas do filme. Em determinado momento, líderes de diferentes
religiões se reúnem para executar o exorcismo em conjunto, porém não fica claro quais foram
os grupos convocados para essa ação. Além disso, todos os religiosos são super receptivos uns
com os outros, como se não existissem rixas ou rusgas entre as religiões. O melhor exemplo
disso é a presença de um líder religioso evangélico trabalhando ao lado de um aparente
umbandista, sem que haja qualquer discussão ou comentário sobre a excentricidade disso.
Existe um outro momento ainda mais grave na história, envolvendo a participação do padre
católico. Algo que já foi estabelecido no cânone exorcista é que somente um padre especialista
em exorcismos pode realizar essa atividade, em razão principalmente de sua complexidade e
perigo. Em “O Exorcista: O Devoto”, o padre local, que não tem qualquer experiência ou
vocação para a prática, é chamado para executar o ato. O inexperiente religioso desiste de sua
participação em cima da hora e acaba passando o bastão para uma ex-noviça realizar o
exorcismo.
O roteiro é muito fraco. Nos primeiros 40 minutos nada acontece, temos apenas 3 cenas de
susto super bobas, e a história não permite termos afinidade com nenhum dos personagens. A
direção de elenco também é muito ruim, as atrizes apresentam uma interpretação
extremamente caricata nas cenas de possessão. São tantos os problemas que o filme não
emplaca em momento algum.
“O Exorcista: O Devoto” tenta conquistar o público através da participação dos protagonistas
do original de 1973, mas nem isso funciona bem. Ellen Burstyn, a mãe da menina possuída no
primeiro longa, tem uma participação com algum tempo de tela, porém bem discreta. Já Linda
Blair, a possuída original, faz apenas uma pequena ponta, com uma única fala, e que acaba
sendo uma participação bastante vergonhosa.
Se esse filme for mesmo o início de uma nova trilogia da franquia “O Exorcista”, devemos nos
preparar para o pior.

nota: 2,0 estrelas

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