Lançado em 2002, “Resident Evil: O Hóspede Maldito” pretendia levar para o cinema o jogo de sucesso da Capcom, a mesma empresa que trouxe ao mundo a famosa série de lutas “Street Fighter”. Embora não houvesse muitos elementos dos games, o filme conseguiu a proeza de agradar os fãs da franquia e até quem nunca ficou diante de um Playstation, graças a um bom trabalho de Paul W.S. Anderson (que também adaptou de forma divertida o clássico “Mortal Kombat”) e a boa presença da bela Milla Jovovich (que, anos depois, acabou namorando e casando com o diretor), mostrando que dava conta do recado como heroína de filmes de ação.

A partir daí, mais sequências foram criadas, nem todas dirigidas por Anderson, mas que conseguiram manter a popularidade da franquia, mesmo que nenhuma delas seja realmente marcante. Pelo menos, seus realizadores podem se orgulhar de terem feito uma série baseada em games durar por tanto tempo, ao contrário de outras tentativas que não passaram da primeira fase (como aconteceu com o recente “Assassin’s Creed”), fortalecendo a marca e tornando Jovovich um rosto ainda mais conhecido do público, especialmente o jovem.

Agora, 15 anos depois, Anderson entrega o que seria o seu canto do cisne da franquia com “Resident Evil 6: O Capítulo Final” (“Resident Evil: The Final Chapter”). Como o próprio título diz, o filme pretende fechar a saga de Alice num mundo devastado pela criação da Umbrella Corporation e seus inescrupulosos executivos: o T-Vírus, que transforma pessoas em zumbis sedentos por sangue, além de ser o responsável pela criação de diversos monstros. Em alguns momentos, o filme se mostra até mais interessante do que as continuações anteriores por usar melhor elementos de suspense e terror. Mas o diretor acaba cedendo ao desejo de despertar emoções baratas com um sem número de cenas de ação de pouco impacto ao invés de realizar uma obra realmente assustadora, como os games nos quais se inspira.

Na trama, Alice (Milla Jovovich) se encontra sozinha em Washington, após os eventos de “Resident Evil 5: Retribuição”, lutando para não ser comida de zumbi ou de outras bizarras criaturas que infestam a então capital dos EUA. Até que descobre, através da inteligência artificial conhecida como Rainha Vermelha (interpretada por Ever Anderson, filha de Jovovich e Anderson na vida real), que há uma cura para a praga que contaminou o planeta. Só que o antídoto está em Raccon City, mais especificamente dentro da Colmeia, o mesmo lugar subterrâneo onde todo o pesadelo começou. Com a ajuda da amiga Claire Redfield (Amy Larter) e de seus novos companheiros, como o namorado Doc (Eoin Macken) e Abigail (Ruby Rose), Alice parte em direção à cidade para conseguir o composto. Porém, o perverso Dr. Isaacs (Iain Glen) ressurge, assim como Wesker (Shawn Roberts), para impedir seus planos. Para isso, ele atrai uma horda de zumbis, com o intuito de destruí-la uma vez por todas, antes que ela chegue ao seu destino.

Tecnicamente falando, “Resident Evil 6: O Capítulo Final” é muito bem realizado, com ótimos efeitos especiais, que se destacam especialmente numa sequência envolvendo uma cachoeira de fogo, e um interessante design de produção, especialmente na criação dos cenários que compõem a Colmeia. No entanto, Anderson peca em realizar algumas cenas muito escuras, que não dá para ver o que está acontecendo nem causam o efeito desejado de amedrontar o espectador. Além disso, o diretor bebe na fonte dos filmes da série “Mad Max” para dar um clima sujo e desolador de fim de mundo, assim como foi em “Resident Evil 3: A Extinção”, mas sem o mesmo talento de George Miller, especialmente nas sequências de perseguição com carros e motos. O roteiro (também escrito por Anderson) também não se destaca positivamente por causa dos diálogos ruins e das reviravoltas tão óbvias que dá para saber o que vai acontecer em seguida facilmente, sem surpreender ninguém.

Com interpretações genéricas do elenco, o destaque mesmo fica para Milla Jovovich, que mostra a mesma vitalidade e um incrível fôlego para encarar cenas de ação como no primeiro filme. A atriz pode não ser um grande talento dramático, mas não dá para dizer que ela não tem carisma diante de uma câmera e torna a jornada de Alice mais agradável para todos.

“Resident Evil 6: O Capítulo Final” poderia ter sido um encerramento melhor para a franquia que se tornou querida pelo grande público, mesmo não sendo exatamente brilhante. Ele funciona como mero entretenimento para quem quer entrar num cinema e se divertir com cenas inacreditáveis, brigas incríveis e mortos-vivos. Quem se contenta com isso, certamente não vai se arrepender com esse epílogo que não tem cara de fechamento. Ainda mais se fizer tanto ou mais sucesso que as continuações anteriores. Quem sabe, assim, Alice não volta no futuro?

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