A Disney está numa fase saudosista refilmando ou contando de diferentes formas seus clássicos que encantaram gerações de pessoas no mundo todo. Agora é a vez de um dos clássicos mais importantes da empresa, A Bela e a Fera.
Baseado na literatura francesa, o primeiro filme foi pioneiro em levar para as telas um musical de animação e concorrer ao Oscar de Melhor Animação e Melhor Filme. A premiada trilha sonora e a canção “Beauty and Beast” nas vozes de Celine Dion e Peabo Bryson que ganhou o Oscar de Melhor Canção foram renovadas sem perder sua origem. A Canção ganhadora do Oscar e do Globo de Ouro de Melhor Canção em 1992, ganhou uma versão moderna nas vozes de Ariana Grande e John Legend. Mesmo sendo mais moderna, ela respeita a canção original. Então a expectativa em relação ao Live Action da animação é alta.
O roteiro de Stephen Chbosky e Evan Spiliotopoulos segue como linha principal, a animação, mas se permitiu colocar referências da peça na Brodway e do livro. Foi uma boa alternativa, mas só de seguir a animação já estaria ótimo. Pode ser que algum fã mais tradicional se recinta das cenas acrescidas, mas se pararmos para pensar essa é a adaptação para os clássicos da Disney que mais se aproxima do original.
Podemos dizer que A Bela e Fera foi um acerto! Um belíssimo musical ganhou vida com um elenco talentoso com nomes importantes para o cinema. Em sua maioria de britânicos. O filme tem alguns problemas, mas esses não ofuscam o brilho do conjunto da obra. A Disney tem um filme que merece algumas indicações ao Oscar como Fotografia, Figurino, montagem e edição de som.
O visual do filme é vivo e encanta aos olhos de quem vê. A trilha sonora de Alan Menken é conhecida e os números musicais são incríveis e fiéis aos criados para a animação. O de todos os números musicais, o mais encantador e animado é a cena do jantar de Bela com a canção “Be Our Guest” cantada por Ewan McGregor que interpreta o candelabro Lumiére e Emma Thompson como Madame Samovar. Ewan McGregor imprime o carisma necessário ao personagem e canta divinamente. O mesmo acontece com Emma Thompson. Emma Watson mostra que pode cantar muito bem com uma belíssima voz harmônica, doce e afinada. Dan Stevens também canta bem e tem sua voz modulada para a Fera. Necessário para dar a força que a Fera Precisa. Todos os atores que cantam como o caso de Luke Evans que interpreta Gaston e Josh Gad que interpreta Le Fou que cantam alguns números. O mais interessante que eles participam é na taberna onde Le Fou canta “Gaston” junto com Gaston e pessoas da Vila. Por incrível que parece entre tantas estrelas talentosas, Josh Gad se destaca em dar um tom bem-humorado e divertido ao personagem que ficou mais interessante no filme do que na animação.
Falando em Josh Gad e seu divertido Le Fou, ele virou polêmica e causou um reboliço em alguns países que se incomodaram com fato do personagem ser gay. Na verdade, Le Fou está mais engraçado e não existe o foco nesse assunto. O personagem tinha obsessão por Gaston e era um fanzoca de carteirinha. Um clássico puxa-saco. Como todos na vila admiravam Gaston, que tinha sua vaidade narcisista muito bem alimentada pela admiração exagerada de Le Fou. E por isso, Gaston o mantinha por perto. Então faz muito sentido tanta polêmica. O personagem que era só chato, uma “mala” na verdade, se tornou divertido. Mérito do Ator e do diretor Bill Condon que permitiu que o ator emprestasse sua veia cômica ao Le Fou. Gad emprestou sua voz a outro personagem carismático da Disney, na dublagem Americana, o boneco de neve Olaf, de Frozen.
Os protagonistas estão bem, mas falta algo. A Bela de Emma Watson é bonita, canta bem, tem uma lida voz, mas faltou o romantismo de Bela, o brilho nos olhos desse romantismo. A Bela de Emma ficou mais independente. Ela cumpre com a missão, mas faltou mais alma, o romântico coração de Bela Transmite por ler tantos livros. O Brilhos nos olhos das muitas histórias que alimenta sua sede de aprender e conhecer o mundo através das histórias contadas nos livros.
O mesmo acontece com a Fera de Dan Stevens. Falta algo. O ator cumpre com o que lhe é entregue, mas faltou mais alma. Stevens canta bem assim como Emma. O casal funciona bem, mas poderiam ter sido mais bem aproveitados pelo diretor. Os dois atores são bons e podemos conferir em seus trabalhos anteriores. Emma Watson cresceu junto com sua icônica personagem Hermione de Harry Potter. O mesmo acontece com Dan Stevens e seu personagem Matthew Crowley na série britânica Downtown Abbey e no cinema o engraçado Sir Lancelot de “Uma Noite No Museu: Na Tumba do Faró”.
As caraterizações estão bem-feitas e podemos aplaudir o belo trabalho da maquiagem, cabelo e figurino que conseguiu recriar os personagens da animação em live action perfeitos.
A direção de arte James Foster e Nick Gottschalk é delicada e cuidadosa em recriar os adereços de cena e cenários. O uso das cores foi inteligente ao combinar as peças, tudo valorizado pela fotografia do alemão Tobias A. Schliessller.
No fim das contas temos aqui um lindo filme com uma conexão com a memória afetiva de quem assistiu e cresceu com a animação. Assista, se emocione e divirta-se!
