O diretor Denis Villeneuve continua em Duna 2 exatamente do ponto que parou no primeiro filme. Enquanto o primeiro filme, apresentou os personagens e suas histórias, o segundo filme mostra o desenvolvimento deles a partir dos acontecimentos anteriores.

Acompanhamos o crescimento do personagem Paul Atreides no primeiro filme, onde aprende a ser quem ele precisa ser no segundo filme. E a perda é um ponto importante no amadurecimento desse personagem.

E nesse filme Paul se torna Paul Atreides  Muad’dib Usul, ou como ficou conhecido: Muad’Dib, aquele que guia.

O roteiro assinado pelo diretor  Denis Villeneuve em parceria com Jon Spaihts leva para a tela a obra de Frank Herbert com respeito e muita competência. Não foi tarefa fácil levar para o set de filmagens uma obra que precisa de 101 atores além de um bom número de figurantes e dublês para dar preenchimento e veracidade nas cenas. O elenco bem escolhido e muito bem dirigido mostra que o público pode se conectar com a histórias e com seus personagens e cada um deles tem camadas para reflexão, ou seja, cada personagem tem sua história rica em vários elementos que nos fazem pensar sobre a jornada e motivação de cada um deles. Essa construção se faz no roteiro e o elenco só pode trabalhar com as ferramentas que tem, e os roteiristas fizeram isso com maestria. Ajuda muito um dos roteiristas ser o diretor do longa. Fica mais fácil transportar para tela a história imaginada na sua cabeça.

O livro de Frank Herbert é extenso e rico de elementos filosóficos, religiosos, sociológicos que aborda muito a crença e a descrença e como o fator político pode interferir em uma combinação que é nitroglicerina pura. A obra completa de Duna é totalizada em seis livros: Duna, Messias de Duna, Filhos de Duna, Imperador Deus de Duna, Herege de Duna e Herdeiras de Duna. O filme se baseia no primeiro livro que está dividido em uma trilogia com cerca de 3 horas de duração, cada filme. Duna – Parte 2 não só cumpre com o propósito de retratar a história do primeiro livro, mas como corrigir o erro que foi o filme de 1984, que David Lynch dirigiu, ou tentou, já que os produtores interferiram no processo criativo e tornou um grande fiasco. Condensar um livro de 680 páginas com riqueza de detalhes em apenas 2h16, foi erro dos produtores. A frustação dos fãs do livro com esse filme aguçou a pergunta na cabeça de muita gente: “E se Duna pudesse ganhar uma outra forma de filmar? Com a tecnologia de hoje seria possível fazer um filme melhor?” E assim, Denis Villeneuve mergulhou fundo nessa obra pensando em cada detalhe.

Se no primeiro filme foi possível apreciar tantos elementos, na parte dois essa experiência é elevada a um nível maior. Personagens aguardados entram na trama, planos mais abertos, por ter mais cenas externas do que internas, o que possibilitou o diretor de fotografia  Greig Fraser brilhar mais, já que sua paleta mais clara, pode ser mais explorada e possibilita uma melhor visualização dos belíssimos figurinos criados pela Jaqueline West. A figurinista foi indicada a muitos prêmios no primeiro filme e pelo visto, vai repetir o feito com Duna: Parte 2.

Os efeitos visuais e a maquiagem foram trabalhos harmônicos. Os efeitos visuais mesmo com o uso da computação gráfica, desta vez, usaram com mais delicadeza. Sabemos que está lá, mas não vemos nada fora do lugar.

Já a maquiagem foi um trabalho de mestre, principalmente a maquiagem dos vilões: Baron Vladimir Harkonnen (Stellan Skarsgård), Baron Beast Rabban Harkonnen (Dave Bautista) e Austin Butler (Feyd-Rautha Harkonnen),  e  da Lady Jessica Atreides que se torna a Reverenda Mãe interpretada por Rebecca Ferguson.

A direção de Arte caprichou nos cenários e elementos de cena o que nos ambienta bem na trama.

A montagem é um fator fundamental em qualquer filme, é ele que junta cada peça para se tornar uma cena e cada cena para se tornar um filme, aqui Joe Walker imprimiu um ritmo que possível apreciar os elementos de cena, mas acelera o ritmo nas cenas de combate. Se Joe Walker não fizesse um bom trabalho, jogaria todo o trabalho dos demais ladeira à baixo, então Walker abraçou a responsabilidade de fez um belo trabalho de montagem.

Mas quem realmente dá o tom das emoções é Hans Zimmer com sua apoteótica trilha sonora.

Só posso dizer que Duna: Parte 2 é um filme apoteótico que precisa ser assistido na sala de cinema e se puder, invista no ingresso de uma sala com tecnologia para uma imersão maior dessa experiência. Se possível vá acompanhado dos amigos, familiares porque assim que o filme acabar, você terá necessidade de falar e debater sobre ele.

Parabéns Denis Villeneuve por honrar a obra de Frank Herbert ao transportar para uma outra linguagem com maestria!

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