O filme é pautado em um tema universal, que por si só já tem uma forte carga dramática: a Família. O que difere é a maneira de se contar a história. No início da trama, a dupla dinâmica vivida pelo impagável Marcus Majella e Ana Lucia Torre, respectivos tio Tony e sua mãe Cecília estão mais interessados em tirar proveito das situações, como dois trambiqueiros de carteirinha que não se importam com o sentimento de ninguém, muito menos dos familiares, pois  logo de cara, inventam uma desculpa esfarrapada para se hospedar na casa de Ângela, irmã mais velha de Tony, interpretada por Letícia Isnard, que a princípio não aceita mas acaba cedendo por ter uma viagem de trabalho já agendada e não ter com quem deixar as crianças. A quadrilha está formada.

 

O diretor que estreou ano passado no longa: “Tô Ryca” mostra sensibilidade através dos takes que captam a emoção dos personagens de forma crescente através do roteiro escrito há seis mãos por Leandro Muniz, Sabrina Garcia e Rodrigo Goulart que conseguem mostrar com uma maestria as variações do protagonista. No início é só mais um encostado que se modifica ao se encantar aos poucos pelos três sobrinhos: Patrícia (Jullia Svacinna) uma pré adolescente acima da média que vive em conflito com seus colegas de escola,  já o  seu irmão João (João Barreto) é o contrário, menino retraído que sofre com a separação dos pais e principalmente com a ausência do pai, o político Gustavo (Eduardo Galvão) que nunca tem tempo para os filhos e para completar tem caçula Valentina (Sofia Barros) que embarca nas loucuras do tio e da vovó maluquete.

 

A transformação desse herói torto do cenário brasileiro que vive de bicos e não consegue se firmar na profissão de ator, realidade vivida por muitos, o humaniza por tocar a fundo na ferida. Porém a mudança ocorre de verdade, quando o “Tio Tony” entra no universo infantil dos seus sobrinhos e se modifica como ser humano. Primeiro ajudando sua sobrinha mais velha, a montar a peça de escola, pois atrás daquelas lentes de grau esconde uma doçura de menina. Tio Tony com seu jeitinho conquista a todos a juntar duas peças em uma que se torna: “Sonho de um Vampiro de Verão” a partir dali mostra todo o seu talento.

O segundo passo é ajudar, o sobrinho do meio, o mais traumatizado mas que possui um coração puro e resolve com a “ajuda” da sua comparsa, sua mãe Cecília “raptar” o pai relapso para apresentação do seu filho no papel principal e ainda faz com a caçulinha se torne a  mais parecida com ele, ao usar o bordão do “tiozão”: “- É coisa que morre? Então Pode”.

 

Para finalizar uma das seqüências mais emocionantes do filme e que arranca lágrimas dos espectadores é a reconciliação de forma tímida dos dois irmãos e o abraço fraternal, sela de vez o sentimento mais nobre que estava adormecido entre: a “dona da verdade” e o “maluco beleza do bem” de uma vez por todas. Digno de arrancar suspiros da platéia “Um Tio Quase Perfeito” que estréia na quinta-feira, dia 15 de junho de 2017.

Família quase perfeita

Tiozão

 

Trinca de sobrinhos

  • Análise Cinematográfica:
5

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