Esse filme mostra que a arte pode ter muitos desdobramentos e pode estar em diversas formas de arte. Uma frase de uma poesia inspirou Marta Medeiros a escrever um livro que virou best seller, ganhou os palcos do Brasil com a Peça protagonizada pela atriz Cissa Guimarães durante anos e agora ganhou sua versão para o cinema com a atriz Maria Paula.

A história independente da linguagem abordada é a mesma, as relações humanas. Sejam elas familiares, amorosas, profissionais, de amizades, sociais em como se lida com o outro estranho no dia a dia em que encontramos diversas pessoas na rua.

Esse filme nos lembra o famoso dito popular:  “Casa de Ferreiro, Espeto de Pau”. E assim o filme conta a história de Beatriz, uma bem-sucedida Terapeuta de casais. Ela resolve os problemas de outras pessoas, mas não consegue resolver seus próprios problemas de relacionamento, com o marido, com a filha, com a mãe, a irmã, com os amigos, com os pacientes, com o editor de seus livros, com os funcionários que trabalham para ela, e os estranhos que vai encontrando no dia a dia. O filme é simples, apesar de falar sobre um tema complexo. Os seres humanos ainda são um dos grandes mistérios do universo e vemos isso em algumas cenas.

O roteiro é bem escrito e bem elaborado na estratégia em usar drama e comédia misturados em doses equilibradas. A comédia fica mais por conta das situações do que uma piada construída para fazer rir. O drama é amenizado pelos traços cômicos para não transformar o filme em algo denso demais. A filosofia do filme trabalha a forma de pensar no que estamos vendo de maneira mais suave, sem impor nada. O diretor Paulo Thiago mostra a história e permite que o público reflita os conflitos e tire suas conclusões a partir da história apresentada. Os personagens são bem desenvolvidos, mas tem uma elaboração profunda, e também não há necessidade. Ele realmente usou o suficiente do texto, das interpretações e da parte técnica.

O elenco tem Maria Paula no papel da protagonista que tem um núcleo familiar formado pela mãe Elda, vivida por Nicete Bruno, a irmã ambientalista radical Berenice é vivida por Georgiana Góes, o Marido é Marcelo Faria, a filha é a estreante no cinema Luana xxx. O Editor é vivido por Jonas Bloch, Os amigos e vizinhos Valéria e Alex são Flávia Alessandra e Thiago Fragoso. As participações dos estranhos que ela encontra no dia a dia são: Samantha Schumtz que faz uma morada do morro da mangueira que faz amizade do D. Elda, Fernando caruso que faz um guru estranho, o fulano de tal que faz o guarda da Lei seca, os atores argentinos que aparecem na segunda parte do filme deram um toque a mais.

Beatriz é o centro de uma linha de relacionamentos que temos no nosso dia a dia sem a gente perceba em quantas pessoas passam pela nossa vida. Umas vem e vão e outras ficam por anos. Nesse ponto o filme nos chama para a reflexão, em como tratamos as pessoas a nossa volta, próximos ou distantes? Quem somos nós nesse aspecto? Se os seres humanos precisam evoluir, onde será que estamos nessa evolução? Só conseguimos enxergar quando estamos a uma certa distância e mesmo sendo engraçado, divertido, a reflexão está ali sem pretensão de ser um guru filosófico. Não é preciso ser literal para se fazer entender, os personagens têm leituras também nas entrelinhas. Se prestar atenção na Valéria, personagem de Flavia Alessandra, vai ver que ela é um personagem conflituoso com padrões e conceitos foram do comum. Aqui não é preciso julgar os personagens, mas é interessante observar que cada um deles não é uma coisa só, assim como nenhum de nós.

 

 

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