Um Perfil para Dois (Un Profil pour Deux) / França, Áustria, Bélgica, Alemanha, 2017. 99 min. / Direção: Stéphane Robelin / Com: Pierre Richard, Yaniss Lespert, Fanny Valette, Stéphane Bissot, Gustave Kerven

É interessante analisar como a filmografia pode definir o perfil de determinados diretores. Stéphane Robelin, por exemplo, em seu terceiro longa metragem foca seu olhar para a terceira idade sempre com um viés carinhoso e esperançoso. É o que vimos no delicado “E se vivêssemos todos juntos” de 2011 onde um grupo de amigos idosos resolve compartilhar seus últimos dias em uma espécie de comunidade. Agora, Stéphane volta ao tema em “Um Perfil para Dois” (Un Profil pour Deux no original), onde um idoso que não sai de casa há 2 anos, toma aulas de computação com o namorado de sua neta e acaba marcando um encontro com uma garota belga, 40 anos mais jovem. É lógico que o rapaz vai no lugar do idoso e o filme se desenvolve através deste tema.
O roteiro escrito pelo próprio Stéphane bebe direto na fonte da peça Cyrano de Bergerac de Edmond Rostand, onde o feio herói romântico é substituído por um idoso sábio e apaixonado (o excelente ator Pierre Richard). O Cristiano da peça é substituído pelo namorado da neta de Pierre interpretado por Yaniss Lespert, um ator limitado que apenas repete uma única expressão durante todo o filme. Por fim, Roxana é substituída pela namorada virtual belga Flora (a bela Fanny Valette).

Stéphane se mantém fiel a sua proposta em fazer comédias românticas alternativas e reflexivas, mas aqui há um ligeiro problema de ritmo onde pequenos deslizes põem em risco o acabamento final. É um filme inofensivo, com toda a certeza, mas os clichês são abundantes e muitos deles não trabalham a favor da narrativa, onde detectamos pequenas frustrações em nossas expectativas. Na sequência do café da manhã, por exemplo, há uma referência ao jantar de A Gaiola da Loucas (La Cage aux Folles 1978) onde os personagens se passam por outros apenas para manter as aparências, mas Stéphane não mantém a pressão e o caldo não rende como deveria. A conclusão soa piegas, mas é simpática e não faz mal a ninguém.

Vamos aguardar o quarto filme deste promissor diretor e observar se há mais pujança e ousadia em sua afetiva determinação em fazer da terceira idade um estágio onde o amor e as amizades sejam tão determinantes como qualquer outra idade.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui