Desde o sucesso de “Missão Madrinha de Casamento” (2011), que rendeu até indicações ao Oscar em categorias nobres, como Melhor Roteiro e Melhor Atriz Coadjuvante (para Melissa McCarthy, que virou uma nova Queridinha da América após esse filme), Hollywood abraçou a ideia de realizar novas produções protagonizadas por mulheres mais fortes do que o cinema estava habituado a mostrar e, que, ainda por cima, se revelam muito boas para fazer o público rir. Tudo isso sem perder a ternura e sendo capazes de se identificar com os espectadores (principalmente do sexo feminino).
O mais novo exemplar desta tendência é “Perfeita é a Mãe!” (“Bad Moms”, 2016), que cumpre muito bem o objetivo de divertir e até mesmo de levar a uma reflexão sobre como é o papel da mulher dos dias de hoje, que precisa cuidar da casa, da família, do trabalho e muitas outras coisas ao mesmo tempo. O filme conta com um ótimo elenco, boas piadas e um roteiro que funciona em boa parte do tempo, mesmo não sendo muito original.
A trama é focada em Amy Mitchell (Mila Kunis), que faz de tudo para ser uma boa esposa para o marido Mike (David Walton) e uma boa mãe para os filhos Dylan (Emjay Anthony) e Jane (Oona Laurence), além de lidar com questões do trabalho que envolvem seu chefe, Dale (Clarke Duke), um rapaz mais jovem que ela e um verdadeiro idiota. Isso sem falar que ela ainda participa de eventos da Associação de Pais e Mestres da escola dos filhos, comandada pela tirana Gwendolyn James (Christina Applegate).
Um dia, porém, um incidente constrangedor faz com que Amy se desentenda seriamente com Mike e os dois acabam dando um tempo. Procurando dar conta de tudo sozinha, ela acaba se metendo em mais confusão e acaba indo parar em um bar, onde encontra a desbocada mãe solteira Carla (Kathryn Hahn) e a submissa Kiki (Kristen Bell), cujos filhos estudam na mesma escola de Dylan e Jane. As três, então, desenvolvem uma amizade e decidem jogar todas a pressão de ser perfeita para o alto e curtir a vida. O problema é que esse novo comportamento de Amy (e suas amigas) chama a atenção de Gwendolyn, que resolve não deixar a “insolência” dela barato e parte com tudo para detoná-la no colégio.
Os diretores e roteiristas Jon Lucas e Scott Moore (responsáveis pelos roteiros da trilogia “Se Beber, Não Case”) se mostram bastante hábeis ao lidar com a comédia politicamente incorreta mostrada em “Perfeita é a Mãe!”. Embora não sejam muito criativos em encontrar soluções cênicas e chegam a repetir os mesmos recursos em diferentes sequências (câmera lenta, por exemplo), a dupla compensa com uma ótima direção de atores e mantém seu elenco no timing certo para as piadas. O roteiro só peca em deixar os personagens masculinos imbecis demais ou pouco humanizados. Um bom exemplo disso é Jessie Harkness, interpretado por Jay Hernandez (o El Diablo de “Esquadrão Suicida”), que aparece apenas como o pai por quem todas as mães suspiram e não tem muita função na trama. Além disso, a história derrapa um pouco na pieguice na parte final. Mas nada que estrague a diversão.
O principal destaque do elenco vai para o trio de protagonistas. Mila Kunis mostra, mais uma vez, que tem um talento nato para a comédia e torna convincente as mudanças de sua personagem, que fazem com que o público torça para que ela consiga resolver suas questões na vida e ser feliz. Kathryn Hann tem aqui a grande chance de se tornar mais conhecida e não faz feio, sendo responsável pelos momentos mais hilários e ousados do filme. A ex-Veronica Mars Kristen Bell também está bem divertida como Kiki, que vai ficando cada vez mais doidinha à medida que começa a se soltar cada vez mais. Christina Applegate até se sai bem como a vilã Gwendolyn, embora soe um pouco forçada em alguns momentos. Vale destacar também a menina Oona Laurence, que já tinha impressionado como a filha de Jake Gyllenhaal em “Nocaute” e aqui segura bem as pontas como a neurótica Jane. Porém, Jada Pinkett Smith e Annie Mumolo estão subaproveitadas como as mães que se tornam as comparsas de Gwendolyn.
“Perfeita é a Mãe!” vale para quem quiser dar muitas risadas no escurinho do cinema e não se ofende facilmente com piadas mais pesadas do que de costume. Além disso, o filme mostra que as mulheres estão ficando cada vez mais poderosas e que são capazes de muitas coisas. Até mesmo fazer papéis que, antes, eram direcionados exclusivamente para os homens.
Ah, sim!!! Há uma ótima sequência durante os créditos finais do filme.