Maresia é um drama inspirado na obra “Barco a Seco” onde já na primeira seqüência nos remete ao título do filme, pois começa com a fotografia em mar aberto. O cineasta Marcos Guttman, diretor e coautor, afirma: “- Tinha vontade já, um desejo antigo de contar uma história com autenticidade […] Quando eu li esse livro do Rubens Figueiredo, lógico que antes de ler o livro, eu sabia que ia adaptar ele e seria meu primeiro longa”.

A escolha Julio Andrade para protagonista foi bem acertada, que quase não aceitou o convite por ter medo do mar, mas voltou atrás e desempenhou com maestria os papéis principais que são mostrados em dois tempos: o drama de Emilio Vega, pintor excêntrico desaparecido no mar e Gaspar Dias, perito em arte, obcecado pelo pintor. Em paralelo o espectador é apresentado à vida do pintor e a do perito, onde as duas histórias se fundem.

O ritmo lento do filme faz com que a trama se perca algumas vezes, pois apesar de ser um drama muito forte: de um lado retrata um artista primitivo, sozinho que não gosta de se relacionar com as pessoas e se sente incomodado com a presença do refinado pintor italiano Vicenzo Valente representado Roberto Birindellique. E como todo artista, só tem sua obra valorizada, quando é dado como morto, após seu desaparecimento precoce no mar. Anos mais tarde, a obsessão do perito Gaspar, o órfão, de temperamento difícil como Vega, faz obra do pintor vir à tona.

A fotografia de Alexandre Ramos tem uma riqueza de detalhes tão grande que nos remete ao universo particular dos personagens que tem com elo, Inácio Cabrera interpretado por Pietro Mario, profundo conhecer de Emilio Vega. Porém falta uma justificativa significativa para entender o porquê de o perito querer ser especialista no pintor. A frase do “velho” Cabrera nos faz refletir:

“- As pessoas fazem coisas loucas e o mundo não para de girar por causa disso. Todo mundo quer viver para sempre”. No caso do artista, a morte imortaliza.

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