Quando ouvimos falar sobre TOC, automaticamente nos remetemos ao problema que atinge milhões de pessoas ao redor do mundo, o “Transtorno, Obssessivo Compulsivo”. O título do filme já diz logo de cara que vai falar sobre o problema. A forma de contar é que muda tudo. Os roteiristas e diretores Paulinho Caruso e Theodoro Popovic optaram por seguir o filme no tom da comédia, a área de domínio da protagonista, a atriz Tatá Werneck.

O assunto é abordado de forma mais superficial para evitar desconforto com os portadores da doença. Mas todos os personagens do filme têm o TOC em diferentes níveis. Claro que o personagem de Tatá Werneck, tem mais sintomas, apesar do assunto não ser abordado no texto. As situações dos personagens têm à primeira vista a proposta de ser engraçado, mas se olhar mais perto podemos ver o drama de quem tem que conviver com os sintomas do TOC.

O elenco é bom, mas o destaque fica mesmo com Tatá Werneck e Luis Loubianco como a famosa atriz de TV Kika K e o stalker Felipão. Bruno Gagliasso faz  um galãzinho de novela que namora Kika K, um obessessivo por sexo. Vera Holtz é a empresária grosseirona que tem suas melhores cenas contracenando com Luis Lobianco. A personagem de Vera, Carol, é uma fumante compulsiva. Daniel Furlan faz um vendedor na livraria onde o livro da Kika é lançado e é um acumulador. Mário Gomes faz uma participação como Jamelão que só consegue fazer uma atividade por vez. Luciana Paes faz a apresentadora de TV Ana Juliana que é uma mistura de todas as apresentadoras da TV Brasileira. Outra participação  é de Ingrid Guimarães que faz a atriz rival que disputa com Kika  o papel principal na próxima novela. A atriz é um nome forte no cinema, mas precisa tomar cuidado com a repetição de personagem.  É a terceira vez no cinema que ela interpreta uma personagem com o mesmo temperamento e a mesma leitura, fazendo lembrar imediatamente de suas personagens em “Minha É Uma Peça” e “Um Namorado para Minha Mulher”. Pedro Wagner faz Arthur, o Ghost Writer do livro de Kika tem uma participação interessante. No fim do filme tem uma cena extra durante a passagem dos créditos.

O filme tem problemas com os diálogos do roteiro e alguns excessos o que faz o filme perder a mão. O bom é que o filme também tem alguns acertos como o sonho da personagem em um mundo pós apocalípticos ao estilo MAD MAX. Os pontos fortes do filme estão com o figurino assinado por David Parisoti e a trilha sonora de Bruno Bonaventure e Jesus Sanchez. A fotografia de Pierre Dequerchove trabalha mais com tons escuros e no sonho pós apocalípticos o tom mais pastel e azulado foi uma boa solução para deixar entender o que acontece no filme. A direção de arte escolheu boas locações e exagerou um pouco na quantidade de adereços. Em algumas cenas, tinha informação demais que mais incomodou do que informou. A montagem de Fernando Stuts e Marcelo Junqueira funcionou bem com a proposta apresentada.

Quanto a doença em si, em nenhum momento no roteiro  é mencionada e apenas mostrada nas atitudes de cada personagem sem fazer nenhuma menção a ela. Uma pena, seria uma boa oportunidade de se falar de uma doença que atinge milhões de pessoas no mundo todo. O Toc – Transtorno, Obssessivo e Compulsivo não é uma doença que atinge só o portador, mas aqueles que convivem diariamente com o portador. Quem sabe fica aqui a ideia para se fazer um filme que possa falar mais sobre a doença e ajudar a esclarecer com novas as histórias a vida de milhões de portares de TOC.

Enquanto o filme mais sério não chega, o filme de Paulinho Caruso e Teodoro Popovic pega leve nas tintas para fazer o público se divertir com o talento de seus atores.

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