Paterson / Eua, França, Alemanha, 2016. 118 min. / Direção: Jim Jarmusch / Com: Adam Driver, Golshifteh Farahani, Rizwan Manj
Adam Driver é o Paterson do título, um motorista de ônibus da pequena cidade de Paterson em Nova Jersey. Ele mora com a iraniana Laura (Golshifteh Farahani) e o buldogue Marvin (Nellie) e seus dias são preenchidos por uma constante rotina. Levanta-se a mesma hora, prepara o mesmo desjejum, faz sempre o mesmo trajeto no trabalho, volta para casa e saboreia os exóticos pratos que Laura prepara, leva Marvin para um passeio, passa no bar para tomar uma cerveja e volta para casa para dormir.
A narrativa se concentra em sete dias deste cotidiano modorrento, cada dia, estruturado como na comédia “Feitiço do Tempo” (Groundhog Day), mas com um diferencial sutil. É o toque de Jim Jarmush – cineasta independente, autor de obras fantásticas sobre o tédio e suas conseqüências. Sua marca é contar a mesma história sem que nada aparentemente aconteça, levando o espectador a questionar sobre aquilo que está vendo. O compasso lento é intencional, pois tem a intenção de extrair beleza das coisas mais insignificantes que acontecem em nossas vidas. O filme também soa como uma declaração de amor às antigas tradições. Assim como Paterson – o personagem – que se recusa a ter um smart fone ou um alarme, Paterson – a cidade – foi a meca da indústria no início do século 20 e hoje vive semi deserta e distante.
O filme foi ganhou vários prêmios, mas o mais significativo foi a Palm Dog no último Festival de Cannes ao buldogue Nellie que faleceu meses após as filmagens por complicações caninas desconhecidas. Nem Jarmush bolaria um final como este.